Título: Bolsa tem queda de 1,82%
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 11/03/2011, Economia, p. 11

A expectativa por um pacote de novas medidas prudenciais que intervenham no câmbio e tirem liquidez do mercado derrubou a bolsa brasileira. Ontem, o Ibovespa, índice com os papéis mais negociados, caiu 1,82% e fechou o pregão nos 66.040 pontos, na maior queda do indicador em um mês.

As ações das principais instituições financeiras, com a possibilidade de o Banco Central dar outro tranco no crédito ou enxugar o excesso de dinheiro em circulação, foram as que mais sofreram perdas: Banco do Brasil tombou 3,26%, Bradesco baixou 3,70% e Itaú Unibanco despencou 3,84%. O recrudencimento dos conflitos no mundo árabe, em especial na Líbia, onde o ditador Muamar Kadafi chegou a bombardear refinarias de petróleo, também colaborou para mais baixas na BM&FBovespa.

Para analistas do mercado financeiro, a possibilidade de mais práticas prudenciais não foi a única causa para a queda das ações dos bancos, mas se apresentou como determinante para a queda. Em um cenário mundial cheio de incertezas e conflitos armados, aumentou a aversão ao risco. ¿Os investidores estão se desfazendo de ativos com maior liquidez para que possam aproveitar oportunidades mais à frente¿, justificou Márcio Cardoso, diretor da Título Corretora de Valores. ¿No curto prazo, as incertezas são grandes. A única coisa que não permite maior realização (de prejuízos) no mercado com todo esse risco é a liquidez excessiva¿, concluiu.

Enquanto não forem anunciadas as possíveis medidas prudenciais, a aversão ao risco, na visão de operadores, vai continuar a derrubar os papéis dos bancos. Como o resultado deles é fortemente impactado pelo mercado de crédito, se o BC colocar mais uma trava nos financiamentos, vai atingir também o desempenho dessas instituições financeiras. A situação ficou ainda mais ácida após a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que elevou a Taxa Básica de Juros (Selic) em 0,50 ponto percentual para 11,75% ao ano, com a constatação de que a inflação ainda não foi debelada. A Bolsa de Valores de São Paulo operou todo o dia no negativo.

Aversão ao risco O clima de pessimismo começou na Ásia. O Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas do país) do Japão foi revisto para baixo. Mais tarde, foi constatado que a balança comercial da China apontou deficit de US$ 7,3 bilhões. Continuou aumentando com as notícias de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) aumentaria sua produção. A Europa se ressentiu porque a agência de classificação de risco Moody¿s diminuiu a nota de crédito da Espanha, de Aa1 para Aa2. Os investidores ficaram mais ansiosos com o resultado aquém do esperado do índice de pedidos de auxílio desemprego nos Estados Unidos e com o saldo negativo da balança comercial dos EUA, de US$ 46,3 bilhões. Além disso, as preocupações com os conflitos na Líbia também influenciam o preço do petróleo. O país, ontem, teve o rating rebaixado pela agência Standard & Poor¿s. O resultado das más notícias foi que o Dow Jones fechou em queda de 1,87%, a pior em sete meses.

¿O mundo está derretendo e, no Brasil, não poderia se diferente¿, destacou Demetrius Borel Lucindo, economista da Corretora Prosper. ¿E, se a situação assim permanecer, vamos ter mais uma rodada de aversão ao risco¿, avaliou Henrique Santos, economista-chefe da Ativa Corretora. Os dois analistas destacam que a bolsa de valores brasileira vai continuar ¿andando de lado¿, mas com viés de baixa.

Presidente do Santander é suspenso » A Suprema Corte da Espanha barrou o presidente-executivo do Santander de exercer atividades bancárias por três meses, em uma decisão embaraçosa para a reputação de Alfredo Saenz, 68 anos, e para o maior banco da Zona do Euro. A condenação é resultado de um longo processo em que Saenz foi considerado culpado de falsas acusações contra devedores do Banesto, a primeira instituição financeira da Espanha a ser socorrida pelo Banco Central do país. O banco, hoje controlado pelo Santander, foi presidido por Saenz em 1994. Analistas acreditam que a situação não terá efeitos sobre a administração do banco espanhol e descartam uma batalha de sucessão. O executivo irá recorrer da decisão, disse o Santander, e expressou confiança de que continuará no comando do banco, posição que ocupa há nove anos. Além disso, em uma iniciativa inédita, Saenz pedirá que o governo espanhol interceda em seu favor nos tribunais para que a sentença seja suspensa. Originalmente, ele foi condenado a seis meses e 1 dia de prisão em 2009, mas conseguiu abrandar a sentença após muitos recursos judiciais.

Perdas mundo afora Bolsas / Variação - (Em %)

Bovespa -1,82

Milão -1,59

Londres -1,55

Xangai -1,50

Tóquio -1,46

Madri -1,17

Frankfurt -0,96

Hong Kong -0,82

França -0,75 Fonte: mercado.