Título: Risco de atrasos
Autor: Fonseca, Marcelo da
Fonte: Correio Braziliense, 14/03/2011, Política, p. 2

A relação entre custo e benefício é ponto essencial na avaliação de projetos, principalmente quando os orçamentos são bilionários. E é por esse critério que começam as críticas a duas das grandes obras em pauta hoje no Brasil: a já iniciada transposição do Rio São Francisco e a instalação do trem-bala. Na primeira, os principais opositores são os ambientalistas, que condenam os eventuais prejuízos ao ecossistema do Nordeste e afirmam que a obra tem alcance pequeno e custo alto (R$ 4,5 bilhões), segundo o orçamento previsto do Ministério da Integração. No caso do trem-bala, estimado em R$ 34,6 bilhões, os temores passam ainda pela rota do gerenciamento do projeto, mesmo entre estudiosos simpáticos à obra.

¿A ligação dos dois maiores centros urbanos do país com um meio de transporte rápido é uma ótima iniciativa, mas temos de ficar atentos a várias questões que envolvem uma obra tão grande, como a participação da iniciativa privada e o superfaturamento. Será que vale a pena para os cofres públicos que o governo federal injete dinheiro no empreendimento e o retorno fique com empresas estrangeiras? Como será o retorno para os usuários?¿, questiona o professor João Furtado, da UFMG.

¿Que a iniciativa é boa, não tenho dúvida. Deverá trazer grandes benefícios para o população das duas regiões. Mas é importante acompanhar o planejamento do projeto, levando à sociedade os detalhes contratuais e quem está participando do empreendimento¿, opina Dalmo Figueiredo, professor de engenharia civil da UFMG.

O leilão para empresas interessadas na construção do TAV estava marcado para dezembro do ano passado, mas foi transferido para o mês que vem a pedido das empresas, que pediram mais tempo para estudar a obra. Segundo o cronograma divulgado pela Agência Nacional de Transportes Terrestre (ANTT), em julho será confirmada oficialmente a empresa vencedora e a previsão é que as obras comecem já no fim do ano. (MF)