Título: J.Malucelli emite apólice para usina
Autor: Denise Bueno
Fonte: Gazeta Mercantil, 20/09/2004, Finanças & Mercados, p. B-2

Contrato de "completion bond" garante financiamento de R$ 61 milhões do BB e BNDES. A J.Malucelli Seguradora emitiu a apólice de seguro garantia na modalidade "Completion Bond" para a hidrelétrica Espora Energética, em Goiás. O contrato, que cobre 100% do valor do financiamento, dá também cobertura para a conclusão da obra, no valor aproximado de R$ 61 milhões. Os beneficiários da apólice são Banco do Brasil (BB) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O valor do prêmio ficou próximo de R$ 1 milhão, ou inferior a 1%. "Conseguimos uma taxa inferior à praticada no mercado em razão de a seguradora ser a responsável pelo gerenciamento do risco", disse Danieli Gugelmin, gerente da área corporate da seguradora. Segundo a executiva, foi desenvolvida uma estrutura especial, que conta com uma empresa de gerenciamento para acompanhar o andamento das obras, através de vistorias "in loco" no canteiro de obras. "Essa ação proporcionará aos ressegu-radores um maior controle do andamento das obras e sobre os riscos garantidos", enfatizou.

A apólice tem vigência de 3 de agosto de 2004 até 15 de fevereiro de 2006, prazo previsto para a conclusão da obra. O IRB Brasil Re repassou 70% para o exterior, num pool de resseguradoras lideradas pela alemã Munich Re, a maior resseguradora do mundo.

O empreendimento, denominado Central Geradora Espora, está localizado no Rio Corrente, nos municípios de Aporé e Serranópolis, em Goiás. A potência instalada mínima é de 32 MW, com investimento total de R$ 97,4 milhões. Os bancos financiam até 70% do valor. Os 30% restantes são recursos próprios. O BNDES exige 130% do valor dos empreendimentos como garantia para liberar o financiamento ou a contratação do completion bond."A área de energia deverá superar a casa dos 20% do nosso faturamento. Tende a ser um nicho muito bom em termos de vendas e de rentabilidade. E o melhor, de longo prazo. A partir do momento em que a empresa tem a licença ambiental, o período de construção varia entre dois e três anos, prazo de vigência da cobertura da apólice", comentou João Gilberto Possiede, presidente da J.Malucelli Seguradora.

A expectativa do setor é de que o mercado de seguro garantia poderá abocanhar algo entre 1% e 2% dos R$ 5,5 bilhões que o BNDES destinará ao financiamento dos projetos de geração do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa). A expectativa é de que as cópias dos contratos de compra e venda de energia para a Eletrobrás, maior garantia que os empreendedores têm na hora de fechar os financiamentos com o BNDES, sejam entregues aos investidores - devidamente assinados - até o final deste mês. Depois disto, a corrida pelos seguros garantia é o próximo passo antes da contratação das obras.

As concessões rodoviárias ainda lideram as vendas de seguro garantia da seguradora. A J.Malucelli movimentou prêmios de R$ 40,5 milhões até julho deste ano. As maiores carteiras são garantia de obrigações públicas, com R$ 8,76 milhões; garantia de obrigações privadas, com R$ 8,6 milhões; e garantia de concessões públicas, com R$ 6,6 milhões.

Quanto à autorização da entrada do fundo de investimento em empresas emergentes norte-americano Advent International no controle acionário da J.Malucelli, não há previsão. A negociação foi anunciada em abril, mas até agora o processo aguarda autorização da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para ser concluído.