Título: Agosto tem recorde de 229 mil postos
Autor: Daniel Pereira
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/09/2004, Nacional, p. A-4

Em 2004, já são 1,5 milhão de novas contratações formais, mais que o dobro de todo 2003. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho registrou a abertura de 229,8 mil empregos com carteira assinada em agosto, o melhor resultado para o mês desde o início do levantamento, em 1992. Nos oito primeiros meses de 2004, já foram criados 1,5 milhão de empregos formais no país, outro recorde histórico, segundo o governo. O total é cerca de 2,3 vezes maior do que as 645 mil vagas com carteira assinada abertas em todo o ano passado.

De acordo com o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, os novos dados do Caged confirmam a reação do mercado de trabalho e mostram que estava errada análise corrente no primeiro semestre, inclusive dentro do próprio governo, de que a geração de empregos seria em ritmo menor do que o do crescimento econômico. Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro subiu 4,2% no primeiro semestre deste ano, em comparação com mesmo período de 2003, o emprego formal cresceu, entre janeiro e agosto, 6,3%, segundo o Caged.

"O emprego cresceu mais do que o PIB", comemorou Berzoini. Ele disse que está mantida a meta de criação de três milhões de empregos em 2004, sendo 1,8 milhão com carteira assinada.

"É factível gerar entre oito milhões e 12 milhões de empregos se a economia continuar crescendo", disse o ministro, mostrando-se crédulo quanto à promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de criar 10 milhões de empregos no país durante seu mandato.

A expectativa do governo é de que a taxa de desemprego fique abaixo dos 10% no final do ano. Em julho, ela estava em 11,2%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o que corresponde a 2,4 milhões de desempregados em seis regiões metropolitanas ¿ São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Porto Alegre e Belo Horizonte. "A demanda por emprego ainda continuará muito forte. É preciso continuar trabalhando firme para que o desemprego chegue a níveis civilizados", disse Berzoini.

Segundo o ministro, os cerca de 1,5 milhão de empregos formais criados neste ano trazem um "alento muito grande" para o caixa do governo. Implicam aumento da arrecadação pela Previdência Social, com a cobrança de contribuição dos empregadores, e pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). "A arrecadação melhor do FGTS repercutirá em mais financiamentos para habitação e saneamento", disse Berzoini. "Com o aumento do consumo interno e das exportações, o ritmo de retomada do emprego continuará forte."

Os dados do Caged mostram que houve expansão do emprego em todos os grandes setores da economia em agosto, na comparação com julho. A indústria de transformação foi responsável pela maior alta, de 1,25%, o que representou 72,2 mil novas vagas. O setor de serviços apresentou o melhor desempenho em termos de números absolutos, criando 74 mil empregos formais, um crescimento de 0,77% em relação ao mês anterior. Carro-chefe na expansão do trabalho no primeiro semestre, o setor agrícola manteve-se estável.

Berzoini fez questão de ressaltar o desempenho da construção civil. De janeiro a agosto de 2003, o setor fechou 14 mil vagas. No mesmo período deste ano, abriu 90 mil novos postos de trabalho. O emprego com carteira assinada cresceu em ritmo mais acelerado nas regiões Nordeste (1,57%) e Sul (0,86%). Nas regiões metropolitanas, os destaques foram São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, responsáveis pela geração, respectivamente, de 30 mil, 13,3 mil e 8,3 mil postos de trabalho com carteira assinada. "Em alguns estados, como Minas Gerais, a expansão do emprego na região metropolitana (Belo Horizonte) superou a registrada no interior."

kicker: Ministro diz que mantém a meta de 1,8 milhão de vagas com carteira assinada