Título: Missão resgata 37 brasileiros
Autor: Craveiro, Rodrigo
Fonte: Correio Braziliense, 17/03/2011, Mundo, p. 22

Uma nova missão de resgate do consulado brasileiro em Tóquio deve partir amanhã em direção às províncias de Fukushima e Miyagi, regiões fortemente atingidas pelo terremoto e em alerta por conta da ameaça nuclear. Ontem, 37 pessoas foram retiradas da área e levadas até a cidade de Kamisato, na província de Saitama. No grupo, estavam 26 brasileiros, quatro japoneses, seis bengalis e um nepalês. Por enquanto, os planos de retiradas de cidadãos brasileiros estão restritos aos locais com situação crítica. Em Tóquio, onde os níveis de radiação aumentaram nos últimos dias, moradores e estrangeiros lotaram as estações de trem para buscar refúgio no sul e fizeram fila no aeroporto para tentar deixar o país. A população sofre com falta de água, alimentos e produtos de primeira necessidade.

Nos últimos dias, a embaixada e o consulado do Brasil têm se empenhado para localizar cidadãos do país nas regiões em estado de alerta nuclear para enviar o novo resgate. Estima-se que 387 brasileiros vivam nas áreas perto de Fukushima, onde está a usina com maiores problemas. Muitos já conseguiram deixar o local, por isso o levantamento feito pelos diplomatas é mais complicado. Mesmo assim, a expectativa do Ministério de Relações Exteriores é que um novo comboio parta amanhã cedo para o resgate.

O empresário da cidade de Kamisato, Walter Saito, foi o responsável pela missão organizada ontem. O consulado afirmou, em nota, que os ônibus foram até a região, mas ¿em nenhum trecho do percurso o comboio ultrapassou o perímetro de 30km estabelecido pelas autoridades japonesas em torno da usina nuclear de Fukushima¿. No grupo de resgatados, 28 pessoas tiveram o apoio de amigos e parentes e seguiram para outras regiões. Nove receberam ajuda do consulado e estão em um alojamento provisório.

De acordo com o Itamaraty, o consulado recebeu um reforço orçamentário para dar assistência aos brasileiros em situação de emergência. O valor, no entanto, não foi divulgado. Um diplomata e um oficial de chancelaria foram até a cidade de Sendai, acompanhados de um guia, para levar alimentos e registrar o número de brasileiros que vivem no local devastado. Na missão de resgate de ontem, uma van carregada de suprimentos e alimentos acompanhou os dois ônibus. O consulado também tenta dar suporte emocional aos socorridos: duas linhas de telefone estão disponíveis para quem precisa de atendimento psicológico por decorrências de traumas do terremoto.

A brasileira Fabiana Akemi Yamagata, 26 anos, que vive na província de Shizuoka, na região central do Japão, afirma que o clima em todo o país é de tensão e muitos procuram refúgio no sul. ¿A situação aqui está apavorante. Os terremotos não param, porém o que mais preocupa a população é o alerta da radiação, que é um mal que ninguém pode ver. Espero que esse pesadelo passe logo. Muitos lugares já estão sem gasolina, água e luz. Na minha província, já não encontramos mais água, mantimentos e papel higiênico nos supermercados¿, disse ao Correio. Por enquanto, segundo o Itamaraty, ainda não há planos de resgate em outra região ou de retirada dos brasileiros do país.

Livro de condolências Na embaixada do Japão em Brasília, a procura por notícias sobre parentes e amigos que vivem no Japão continua grande. Para os cidadãos japoneses que queiram prestar uma homenagem às vítimas do tsunami, a representação diplomática disponibilizou um livro de condolências, que pode ser assinado até 25 de março. Basta procurar o setor consular das 10 às 11h30 ou das 15 às 16h30, exceto aos sábados e domingos.

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