Título: Zapatero reafirma apoio a Kirchner
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Fonte: Gazeta Mercantil, 22/09/2004, Internacional, p. A-10

O presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, manteve seu apoio à Argentina, para que o país possa normalizar suas relações com o FMI e chegar a um acordo com os credores sobre a reestruturação de sua dívida pública. Zapatero expressou o "poio explícito e implícito contínuo" de seu país para que a Argentina "tenha as melhores possibilidades" nas negociações com o FMI.

Ele e o colega argentino Néstor Kirchner almoçaram juntos um dia antes do início da Assembléia Anual da Organização das Nações Unidas. Zapatero disse ainda ter "intensa confiança de que Kirchner levará a Argentina ao lugar adequado".

País voltará à normalidade

Ontem, em Buenos Aires, o secretário argentino de Finanças, Guillermo Nielsen, assegurou que "vai acabar muito em breve" a incerteza pelo processo de reestruturação da dívida em mora e a Argentina "voltará a ser um país normal. Entendo que isto trará outras incertezas no sistema financeiro e estaremos novamente na Argentina normal, com crédito hipotecário acessível", apontou Nielsen. O secretário de Finanças falou sobre o refinanciamento de bônus soberanos no valor de US$ 100 bilhões, entre capital e juros em moratória desde o final de 2001, na abertura em Buenos Aires do IX Congresso Internacional Imobiliário.

A maior quitação da história

O jornal britânico Financial Times assegurou ontem que está quase vencida a batalha que do governo de Néstor Kirchner para conseguir que os credores aceitem "a maior quitação de dívida soberana da história do capitalismo". Segundo o jornal, "a maior parte dos credores aceitaria" uma proposta para refinanciar os bônus em default à razão de 30 centavos por cada dólar, o que representa uma redução de 70%. A Argentina propõe uma redução de 75% de sua dívida em mora por meio de um câmbio de bônus cujo lançamento está previsto para este mês.

As afirmações do jornal britânico impulsionaram na segunda-feira uma alta de até 4% no preço dos bônus soberanos argentinos e uma alta de 0,93% na Bolsa de Comércio de Buenos Aires, destacaram ontem agentes do mercado local de capitais. Já o embaixador argentino nos EUA, José Bordón, disse ontem que está certo de que os credores aceitarão a "oferta sustentável" feita pelo governo de Kirchner. Mas o especialista argentino Claudio Loser, ex-diretor do FMI, considerou hoje que "ainda é muito cedo para cantar vitória" nas negociações com os credores, cujos representantes rejeitaram a oferta de refinanciamento.

"Ainda não percebi se há conversações na reta final", comentou. No entanto, ele afirmou que "algo deve se estar movimentando" nas negociações, pois "há menos ruído" nas declarações entre as partes.

Os bônus soberanos em moratória eqüivalem a 52,7% do total da dívida pública da Argentina e estão nas mãos de fundos de pensões argentinos, fundos de investimento e poupadores da Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos, entre outros.