Título: Comunidade científica terá navio de pesquisas
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Fonte: Gazeta Mercantil, 05/03/2009, Brasil, p. A4

Rio de Janeiro, 5 de Março de 2009 - Oceanógrafos de todo o Brasil contam a partir de agora com uma embarcação que irá ajudar a aprofundar as pesquisas nas áreas de oceanografia física, química e biológica, meteorologia e batimetria (mapeamento do fundo do mar, de rios e lagos).

O navio Cruzeiro do Sul foi apresentado ontem, no complexo naval Ponte da Armação, na cidade de Niterói (RJ), e é fruto da parceria entre a Marinha e o Ministério da Ciência e Tecnologia.

Embora já existam outros dois navios hidroceanográficos que também podem ser utilizados para pesquisa, o Cruzeiro do Sul é o único que possui um conjunto de equipamentos para atender a todas as áreas da oceanografia. A princípio, a comunidade científica terá 80 dias de mar por ano para desenvolver pesquisas.

O professor Heringer Villena, da Faculdade de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), foi um dos acadêmicos convidados para conhecer a nova embarcação. Ele acredita que a parceria da Marinha com a comunidade científica é um avanço na busca de maior conhecimento do ambiente marinho e irá beneficiar a sociedade como um todo.

"Os outros navios, em sua maioria, são para trabalhos hidrográficos restritos à Marinha, a abertura é muito menor. Então, essa parceria, que define dias de mar para pesquisa com a comunidade científica, abre um leque de possibilidades muito maior para o desenvolvimento da ciência no Brasil."

O ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, que participou da solenidade, admite que 80 dias de mar para os pesquisadores ainda não é o ideal, mas que vai estudar, junto com o comandante da Marinha, Almirante-de-Esquadra Julio Soares de Moura Neto, uma maneira de aumentar esse período.

Ao todo, foram investidos cerca de R$ 26 milhões na compra do navio e nas instalações dos equipamentos, quase todos importados. Uma das novidades é o guincho oceanográfico de águas profundas que permite que os equipamentos desçam a uma profundidade de cerca de 5 mil metros.

A primeira viagem do navio está prevista para 9 de março e terá duração de 2 meses, segundo o 1º tenente Fábio Bambace, um dos seis oficiais do navio. O objetivo da expedição, que contará com 14 pesquisadores, além da tripulação, será estudar a massa de água e as correntes da costa Sul do país.

Outro professor convidado, o oceanógrafo Marcos Fernadez, também da UERJ, elogiou a iniciativa: "na verdade, não é só uma questão de recurso. A gente precisa de uma maior integração do conhecimento. Desenvolver tecnologia própria em vez de importar tecnologias estrangeiras. "

O ministro Sergio Rezende afirmou que a expansão do sistema de ciência e tecnologia, e conseqüentemente das pesquisas, é uma prioridade do governo brasileiro. "A próxima etapa será a construção de um navio de pesquisa projetado e construído no Brasil", afirmou.

O ministro e o comandante da Marinha também anunciaram a aquisição de mais um navio polar para incrementar a presença do Brasil na Antártica e as pesquisas no local. A embarcação, produzida na Alemanha, deve chegar ao Brasil no dia 7 de abril. Esse será o segundo navio polar brasileiro.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Agência Brasil)