Título: Vipal ingressa no setor de plásticos
Autor: Caio Cigana
Fonte: Gazeta Mercantil, 22/09/2004, Indústria & Serviços, p. A-12

Empresa gaúcha compra unidade do grupo Medabil e fará investimentos de R$ 50 milhões. A Vipal, de Nova Prata (RS), líder nacional em produtos para reformas de pneus, vai entrar no setor de transformação de plásticos. A empresa, tradicional no ramo de borrachas, comprou a Medabil Tessenderlo, braço de materiais de construção a base de plástico do grupo Medabil, também com sede no Rio Grande do Sul. O montante envolvido no negócio não foi revelado pelas empresas.

A Medabil Tessenderlo, uma joint venture constituída em 1999 em conjunto com o grupo belga Tessenderlo, tem como principal produto janelas de PVC, mas fabrica também outros produtos voltados para a construção civil, como forros, divisórias e portas sanfonadas. As unidades industriais da empresa se localizam em Porto Alegre, Cabo de Santo Agostinho (PE) e Extrema (MG). Antes da venda, a controladora tinha como objetivo obter receita de R$ 70 milhões - o grupo prevê um faturamento de R$ 250 milhões em 2004.

O diretor administrativo da Vipal, Renan Lima, disse que há alguns anos a empresa já pensava em entrar no segmento de plástico. "O setor tem sinergia com o nosso ramo de negócios. Ambos somos empresas de terceira geração da cadeia petroquímica e existem aspectos semelhantes em suprimentos, tecnologia e gestão", disse Lima, lembrando ainda que a estrutura logística da Vipal espalhada pelo Brasil e Américas deve ajudar no desempenho da nova controlada. No exterior, a Vipal tem centros de distribuição nos Estados Unidos, México, Argentina, Chile e Panamá.

De acordo com Lima, a Vipal deverá focar primeiramente a produção de esquadrias, produto que deve apresentar crescimento de demanda em virtude da recuperação da construção civil no País. "Nossos investimentos agora serão principalmente em posicionamento de mercado da empresa", afirmou.

O presidente do grupo Medabil, Attilio Bilibio, disse que a venda tem como objetivo voltar toda a atenção da companhia ao segmento de construções metálicas, ramo que deu origem à empresa, em 1967. "Estávamos com algumas dificuldades para conciliar os dois negócios, que não são complementares. Os belgas consideravam essa operação muito distante e, além disso, a Tessenderlo também está passando por mudanças", afirmou o executivo.

No ramo de construções metálicas, a Medabil tem hoje três unidades fabris - duas em Nova Bassano e uma em Nova Araçá, municípios da serra gaúcha. Segundo Bilibio, o grupo está prestes a definir um local para uma nova fábrica para produzir estruturas metálicas para prédios com mais de 20 andares. Pelas estimativas da Medabil, o empreendimento vai exigir investimentos de aproximadamente US$ 20 milhões. O local será discutido com a sócia norte-americana Varco-Pruden, que detém uma parte minoritária do capital do grupo.

Nas três unidades operadas hoje pela Medabil, são produzidos sistemas construtivos metálicos para prédios com até quatro andares, voltados para supermercados, shopping centers, centros comerciais, armazéns e indústrias, além dos sistemas construtivos de múltiplos andares (até 22 pavimentos) para fins residenciais ou comerciais. A nova fábrica também poderá elevar as exportações da empresa, focadas nos mercados da América Latina e Oriente Médio.

Apesar de não transformar mais plástico, a Medabil continuará responsável pelo Sistema Construtivo CasaForte, uma residência considerada de fácil montagem e de alta durabilidade que une PVC, concreto e aço. Os componentes serão fornecidos pela Vipal e a montagem segue com a Medabil.

Líder nacional em produtos de borracha para reforma e reparo de pneus e câmaras de ar, a Vipal conta ainda uma divisão de laminados, que produz pisos antiderrapantes, e uma divisão de compostos, que faz mistura de borrachas para atender em grande parte a demanda da própria empresa. A divisão de compostos vai receber um investimento de R$ 50 milhões para ampliar a unidade em Nova Prata. A Vipal teve ano passado uma receita líquida de R$ 465,5 milhões, uma evolução real de 11% sobre o resultado do exercício anterior. Além da unidade gaúcha, a Vipal tem unidades fabris nos Estados Unidos, Argentina e Chile.

No ano passado, a Vipal investiu R$ 900 mil na abertura de um Centro Regional de Distribuição (CRD) no Panamá, responsável pela colocação dos produtos nos países andinos e na América Central, além das filiais no México, Venezuela, Peru, Equador e Paraguai. A empresa possui cerca de 40% do mercado brasileiro de recuperação de pneus. O serviço atende, principalmente, os segmentos de transporte de cargas e de passageiros. Em todo o País são recauchutados cerca de 650 mil unidades por mês. No restante da América Latina, esse volume é de 550 mil a 560 mil pneus mensais, segundo especialistas do setor.