Título: "Acordo é passo inicial, não a salvação da lavoura"
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/09/2004, Internacional, p. A-8

O co-presidente pelo Mercosul no Fórum Empresarial Mercosul-União Européia (MEBF), Ingo Plöger, afirma que o acordo em negociação entre os blocos deve ser visto como o início de um processo de abertura comercial, "e não como a salvação da lavoura" imediatamente. Mesmo que tenha limitações para a liberalização, é preciso considerar que essa ocorrerá durante um prazo de cerca de dez anos, e que o que for assinado poderá ser revisado em alguns anos. "Nada impede uma revisão no meio do caminho, se a Alca (Área de Livre Comércio das Américas, negociada com os Estados Unidos) sair em três ou quatro anos. Aí, eles (os europeus) vão querer melhorar o acordo".

Negociadores dos dois blocos podem trocar hoje novas e mais amplas ofertas. Nesta semana houve reuniões de negociadores do Mercosul para fechar uma posição comum. Entre os quatro países do bloco as maiores divergências incluem o setor automobilístico e têxteis. Um dos problemas ocorreu com a pressão, por parte da Argentina, por uma cota menor do que a que o Brasil estava disposto a dar para automóveis europeus de maior porte. Os argentinos produzem carros desse porte. Outro problema estava em estabelecer uma posição comum para veículos pesados. Segundo Plöger, em têxteis o Brasil pode oferecer mais abertura do que os argentinos. Concedendo mais, um país pode pedir mais.

Para Plöger, fechar um acordo agora - a data prevista no cronograma atual é até o final de outubro - depende de vontade política das duas partes. "Se prevalecer a vontade técnica, não sai". Isso porque nesta fase de negociação do toma lá dá cá, surgem muitos detalhes, que tornam a negociação mais complexa.