Título: O Bradesco completa a incorporação do BEM
Autor: Franci Monteles
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/10/2004, Finanças e Mercados, p. B-1

A instituição unifica rede e marcas e chega a 77 agências no Maranhão. A partir de hoje, a rede de agências do antigo Banco do Estado do Maranhão (BEM) deixa de existir. Todos os 244 mil clientes do banco passam a fazer parte da base de clientes do Bradesco, que já tem 332 mil correntistas no Estado. Somados os clientes, o universo atingido pelo Bradesco alcança o total de 576 mil contas de pessoas físicas - quase o dobro -, tornando-o líder absoluto no Maranhão.

Com a incorporação, processo que demorou oito meses e foi concluído neste fim de semana, o número de agências do Bradesco no Maranhão saltou de 26 para 77. Neste curto espaço de tempo, a carteira de empréstimo do banco privado cresceu em mais R$ 25 milhões no Estado.

O BEM foi vendido ao Bradesco em 10 de fevereiro, em leilão da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em São Paulo, ao preço de R$ 78 milhões. No contrato, o governo estadual assumiu o compromisso de manter o pagamento do funcionalismo público até 2010, o que pode ser prorrogado. Entre os 244 mil clientes que eram do BEM estão funcionários públicos estaduais e municipais que fazem parte do quadro atual ou já passaram pelos órgão públicos, mas permaneceram com as contas abertas. Antes de leiloado, o BEM permaneceu durante três anos e sete meses federalizado.

Como uma espécie de boas vindas aos clientes, desde ontem está sendo veiculado um vídeo institucional de 60 segundos na mídia local posicionando o Bradesco como um banco afinado com o Maranhão. Cerca de 40 mil cartões de débito do Bradesco ainda estão no banco à espera dos correntistas que eram do BEM.

Contribuir para o fomento da economia maranhense é um dos objetivos do Bradesco em parceria com o governo estadual, por meio de empréstimos, investimentos no setor industrial, comercial, turismo e também atuando fortemente com empréstimos para o funcionalismo público, segundo o superintendente executivo, Sebastião Luiz Pinto, que esteve à frente do BEM durante o processo de incorporação.

"O banco acreditava na economia do Maranhão", diz Sebastião Pinto, ao mencionar uma das razões que levaram à compra do banco maranhense. Quanto a aplicações na economia, o superintendente afirma que não há um limite específico. "O volume é de acordo com a demanda. Na verdade estamos ampliando esta força", observa o superintendente.

O lucro do BEM em setembro foi de R$ 89,17 milhões. Em agosto, o Bradesco fez um aporte de R$ 150 milhões. O patrimônio líquido reajustado ficou em R$ 197,2 milhões. Em dezembro de 2003, o patrimônio líquido era de R$ 65,42 milhões.

Banco Postal

O número de agências do projeto Banco Postal, em parceria com os Correios, também cresceu. O Bradesco passa a contar no Estado com 182 agências, em vez de 102. "O Bradesco pretende cobrir os 217 municípios do Maranhão com o Banco Postal até meados de 2005", afirma Sebastião Pinto. Além das 332 mil contas de pessoas físicas, o Bradesco já contava no Maranhão com 13.265 contas de pessoas jurídicas. O banco já paga no Estado 62 mil aposentados do INSS e passa a agregar mais 215 mil com a incorporação.

Ao longo do período de incorporação, o banco passou por uma preparação do sistema contábil, cadastro de clientes e reformas de agências até chegar ao padrão Bradesco. Só nas reformas das agências foram investidos R$ 11 milhões.

Sebastião Pinto garante que não houve enxugamento e nem está nos planos da instituição. Ao contrário, o banco está admitindo 71 pessoas para reposição das perdas nas agências. A idéia é manter o quadro. O pessoal da direção geral que era do BEM vai ser realocado nas agências. Em fevereiro o BEM possuía um quadro com 515 funcionários.

O superintendente afirma que ocorreram apenas 56 saídas espontâneas, deste total. Localizado no Centro Histórico de São Luís, o prédio de nove andares, que faz parte do patrimônio e sempre abrigou a diretoria do banco deve ser levado a leilão, em data ainda a ser definida. Sebastião Pinto e a equipe deslocada a São Luís para trabalhar no processo de migração permanece na cidade até novembro. O Bradesco já possui uma estrutura de gerência regional, na avenida Magalhães de Almeida, também no Centro.

O banco foi federalizado depois de fracassada a tentativa de venda conduzida pelo governo estadual. O próprio Bradesco chegou a se pré-qualificar, mas desistiu do leilão por entender que havia pendências. Ainda sob os domínios da União, o banco teve a data do leilão adiada por diversas vezes. Também estavam no páreo para a compra do BEM, na época do leilão, o Itaú e o Banco GE. O Bradesco, que possui em torno de 15,4 milhões de clientes nas diversas segmentações em todo o País, no momento está na briga para comprar o Banco do Estado do Ceará.