Título: Empreendedor cearense busca parceria em Portugal
Autor: Adriana Thomasi
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/11/2004, Gazeta do Brasil, p. B14

Representantes do setor participam do 7º Salão Imobiliário de Lisboa em busca de capital e novos negócios no exterior. De olho na expansão de negócios, os empresários do setor imobiliário do Ceará, marcam presença no 7º Salão Imobiliário de Lisboa (SIL). Com abertura marcada para hoje, segue até dia 7, em Portugal. "A aposta na internacionalização do evento estimula a investida nesse mercado", justifica Rômulo Alexandre Soares, presiden-te da Câmara Brasil Portugal no Ceará/ Comércio, Indústria e Turismo (CBPCE).

Ela lembra que boa parte dos investimentos em hotéis e resorts que migraram para o estado, nos últimos anos, tem capital lusitano. A entidade é uma das articuladoras do movimento para levar empresários cearenses no Salão de Lisboa, edição 2004 que vai dedicar especial atenção ao Nordeste do Brasil e aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (Palop), além de Espanha, como informa o presidente CBPCE.

O salão, organizado pela Associação Industrial Portuguesa/Feira Internacional de Lisboa (Fil), desde 1998, funciona como vitrine dos lançamentos imobiliários em habitação, turismo e lazer daquele país, e foi orçado em ¿ 500 mil.

A direção da feira espera o comparecimento de cerca de 5 mil profissionais do setor, além de 15 mil visitantes, no geral, que poderão conhecer as atrações de cerca de 200 expositores reunidos no Parque das Nações, em área de exposições superior a 10 mil metros quadrados.

Empreendedores

Seis empresas do Ceará reservaram estandes e dividem os 81 m², dentro do global de 500 m² - novidade da edição deste ano, que reúne ainda empresas e entidades também de Recife (PE) e Salvador (BA). Grupos como de Luciano Cavalcante Empreendimentos Imobiliários, JG Empreendimentos e Participações, Borges e Ribeiro Empreendimentos e Participações, Praia e Mar, Reata Arquitetura e Engenharia e LM Desenvolvimento Imobiliário, fazem parte da lista de expositores que inclui ainda as secretarias de Turismo (Setur) e de Desenvolvimento Econômico do Ceará (SDE).

Além desses, embarcaram segunda-feira passada, rumo a Portugal, cerca de 27 empresários do setor, grupo organizado Federação do Comércio (Fecomércio). A missão busca de intercâmbio cultural e a troca de experiência nos sistemas organizacionais, políticos e econômicos. Na programação, visitas técnicas a instituições do comércio de Portugal.

Alexandre Soares, da CBPCE, diz que a qualidade dos projetos desenvolvidos pelos engenheiros e arquitetos cearenses abre possibilidades de conquistar capital para seus empreendimentos. "O Salão é a mais importante feira do setor imobiliário em Portugal e representa uma efetiva oportunidade de negócios para o Ceará", acrescenta o presidente da CBPCE, ao lembrar que, atualmente, investidores estrangeiros são importantes consumidores dos produtos imobiliários cearenses.

Soares projeta investimentos lusitanos globais da ordem de US$ 500 milhões nos próximos três anos no Estado e diz que Portugal representa também a porta de entrada para o mercado inglês, que interessa aos empreendedores do Ceará.

Futuro promissor

A LM Desenvolvimento Imobiliário montou estande de 18 m² e a expectativa do gerente comercial, Pedro Carlos Leal Saboia de Castro, é manter contatos com parceiros do exterior para projetos conjuntos. A empresa já fechou negócios com investidores estrangeiros em empreendimentos erguidos em Fortaleza, caso do Pátio Dom Luís, prédio com unidades residenciais e comerciais, e no Meditarrâneo, condomínio de apartamentos, ambos em construção, mas pretende ampliar essa participação.

"Buscamos especialmente a visibilidade da marca, mas a intenção é também fechar negócios no salão", diz o executivo que seguiu para Lisboa em companhia do consultor comercial da LM, Waldir Sampaio. Essa é a primeira investida da empresa na feira de Portugal e, segundo Castro, a proposta ajuda a acelerar a o projeto de expansão dos negócios da LM no mercado internacional.

O coordenador de investimentos da Secretaria de Turismo do Ceará (Setur), Alexandre Cabral, observa que 20% a 30% dos imóveis comercializados no Estado são vendidos para estrangeiros. O interesse maior fica com os empreendimentos que envolvem flats e imóveis residenciais, instalados em complexos hoteleiros de grande porte, que permitem a utilização de infra-estrutura como piscinas, quadras esportivas e, principalmente, campos de golfe.

Cabral diz que o Ceará participa por meio da secretarias de turismo e do Desenvolvimento Econômico e aproveita o espaço para divulgar os atrativos turísticos do Estado.

O Conselho Regional dos Corretores de Imóveis (Creci), Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis e dos Edifícios em Condomínios Residenciais e Comerciais no Estado do Ceará/Associação das Administradoras de Imóveis (Secovi/Aadic) e Sindicato dos Corretores de Imóveis do Estado (Sindimóveis), parceiros na investida, participam dispostos atrair novos investimentos.

"A expectativa é fomentar a cada ano, a partir da feira, algo em torno de 8% a 10% do volume comercializado pelo setor a clientes estrangeiros, ano passado", diz o presidente do Secovi, Antonio Sérgio Porto Sampaio.

Pelas contas do dirigente, os negócios corresponderam a cerca de R$ 250 milhões, no período. De acordo com o empresário, o envolvimento das entidades possibilita apresentar ao investidor empreendimentos ajustados ao mercado.

Aval jurídico

"Buscamos especialmente a imparcialidade, preservando a continuidade dos negócios", resume. Outro ponto importante, na opinião de Porto, diz respeito a questões jurídicas, desconhecidas por boa parte do investidor estrangeiro. "As entidades do setor se envolveram na proposta com disposição de oferecer o aval a empreendimentos comercialmente justos e juridicamente corretos", diz ao observar que Portugal é importante na estratégia de expansão de negócios do setor imobiliário no mercado europeu.

kicker: Até 30% dos imóveis vendidos no Ceará envolvem estrangeiros

kicker2: Portugueses devem investir US$ 500 milhões no estado em 3 anos