Título: CSN tem lucro de R$ 1,45 bilhão até setembro
Autor: Gustavo Viana
Fonte: Gazeta Mercantil, 10/11/2004, Indústria & Serviço, p. A-10

A receita líquida, que somou R$ 7,2 bilhões nos nove primeiros meses do ano, é a maior dos últimos 15 anos. O alinhamento dos preços domésticos aos internacionais, e o melhor mix de vendas, com mais aço revestido, levaram a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) a um lucro líquido de R$ 1,45 bilhão entre janeiro e setembro deste ano, o maior já registrado pela empresa entre os lucros de nove meses nos últimos 15 anos, segundo analistas. O resultado é quase o dobro do alcançado no mesmo período do ano anterior, e superior, em R$ 420 milhões, ao lucro líquido de todo o ano de 2003. No terceiro trimestre, o lucro líquido atingiu R$ 694 milhões, 242% superior ao de igual período do ano passado.

A receita líquida totalizou R$ 7,2 bilhões entre janeiro e setembro de 2004, montante R$ 2,3 bilhões acima do auferido no mesmo período de 2003 e também a maior receita dos últimos 15 anos. De janeiro a setembro, a receita líquida cresceu 56% e atingiu R$ 2,8 bilhões. O Ebitda (geração de caixa) somou R$ 3,4 bilhões nos nove primeiros meses do ano, cerca de R$ 1,1 bilhão maior em relação ao mesmo intervalo de 2003, e R$ 372 milhões acima do montante de todo o ano passado. A produção de aço bruto cresceu 4% e atingiu 4,1 milhões de toneladas, e a de laminados aumentou 6% e somou 3,7 milhões de toneladas até o mês de setembro.

Segundo o diretor executivo comercial da CSN, Vasco Dias, a empresa nivelou os preços de seus produtos no mercado doméstico aos da União Européia, que tem o segundo maior preço mundial, atrás somente dos EUA. "O preço no Brasil está até US$ 10 mais caro", disse Dias. O executivo espera uma estabilidade de preços no quarto trimestre e um primeiro trimestre de 2005 com patamares um pouco melhores em razão da "volta da pressão dos EUA, já que as empresas começaram a reduzir estoques para o fechamento de ano".

O volume de vendas de laminados e placas totalizou 3,7 milhões de toneladas entre janeiro e setembro de 2004, patamar 5% maior em relação ao mesmo período de 2003. A CSN vendeu 19% a mais no mercado doméstico, totalizando 2,5 milhões de toneladas. No trimestre, o volume de vendas de laminados e placas totalizou 1,2 milhão de toneladas, uma queda de 8% em relação ao terceiro trimestre de 2003, devido ao recuo nas vendas de bobinas a quente. As vendas para o mercado doméstico cresceram 40% entre julho e setembro e somaram 917 mil toneladas.

Segundo Dias, as vendas para o mercado interno atingiram 80% da produção no terceiro trimestre, alavancadas, disse Dias, "pelo aquecimento da demanda da indústria automotiva e das distribuidoras de aço". As vendas externas no terceiro trimestre recuaram 55% e totalizaram 297 mil toneladas, 24% das vendas totais. "As exportações foram somente para atender as subsidiárias da empresa nos EUA (CSN LLC) e em Portugal (Lusodier)", disse Dias. Nos primeiros nove meses de 2004, a CSN investiu R$ 646 milhões, sendo R$ 306 milhões na aquisição do restante do capital da GalvaSud, que, após o negócio, passou seu ritmo de produção de 15 mil para 33 mil toneladas mensais. Desse volume, 20 mil toneladas são galvanizadas nos EUA e cerca de 15 mil são vendidas à indústria automotiva, no mercado interno.

Segunda maior produtora de aço do País, a CSN estuda dois projetos para ampliar a sua capacidade de produção de aço bruto: a construção de uma siderúrgica em Itaguaí (RJ) ou no estado de Minas Gerais, com capacidade para 5 milhões de toneladas anuais de placas de aço para exportação e aporte de US$ 2,5 bilhões, ou a instalação de um quarto alto-forno na Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda (RJ), que elevaria a produção da empresa em 2,5 milhões de toneladas anuais. "O que vai determinar qual sairá primeiro é a necessidade de placas que a CSN terá nos próximos cinco em seu projeto de internacionalização", disse o diretor executivo de investimento e relações com investidores, Lauro Rezende. A empresa, que concentra a maior parte de seus negócios no Brasil, pretende comprar ativos de laminação na Europa ou nos EUA. "É mais barato adquirir uma empresa do que construir", disse Rezende.

A CSN está investindo US$ 782 milhões para ampliar a capacidade de exportação do porto de Itaguaí (RJ) para até 31 milhões de toneladas de minério por ano, e na expansão da Casa de Pedra, em Congonhas (MG), de 16 milhões para 40 milhões de toneladas anuais, em 2007. Segundo Rezende, a CSN terá um papel consolidador, e não de consolidado, dentro do novo panorama da siderurgia mundial. "Mas não queremos ser uma das maiores do mundo, nos contentamos em ser a que ganha mais dinheiro", disse Rezende.