Título: Passeio pela Cidade Proibida
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 14/04/2011, Política, p. 2

Pequim ¿ ¿Vocês vão ver: quando eu voltar, vou colocar uns desses no palácio¿, brincou a presidente Dilma Rousseff ao saber que as esculturas de dragões nos telhados dos templos da milenar Cidade Proibida são para trazer sorte e guardar a casa contra os maus espíritos. E quanto maior o número de animais, maior a importância do dono da casa. Durante uma hora, na manhã de ontem, Dilma percorreu os templos do Palácio Imperial das dinastias Ming e Qing, construídos entre os anos de 1406 e 1420, famosos no Brasil desde que viraram cenário do filme O último imperador, de Bernardo Bertolucci.

Maravilhada com as construções, Dilma não deixava escapar detalhes. Perguntava tudo à tradutora e ao curador do museu. ¿Por que a garça?¿, quis saber, ao se aproximar de um dos prédios mais reverenciados do complexo, o Hall da Harmonia Suprema. ¿A garça representa longevidade¿, comentou.

Dilma estava acompanhada da filha, Paula, do ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, que já serviu na China e dava explicações àqueles que não conseguiam ficar o tempo todo ao lado da presidente. Também integraram a comitiva o assessor internacional, Marco Aurélio Garcia, o secretário executivo da Fazenda, Nelson Barbosa, e o acunpunturista Gu Hanghu.

A presidente percorreu todo o complexo sem precisar se acotovelar com turistas de todos os cantos da China e do mundo que diariamente percorrem a Cidade Proibida. Quando ela chegou, em menos de 15 minutos, o governo chinês esvaziou as alamedas e colocou todos os turistas atrás de uma faixa, longe da presidente. O procedimento é praxe em todas as visitas de autoridades, contaram os diplomatas chineses.

A imprensa, entretanto, pode acompanhar de perto cada passo de Dilma. ¿Meninas, vocês ouviram? Três mil¿, afirmou, referindo-se ao número de concubinas que o imperador podia ter. Com a ajuda de Patriota, estudioso do mandarim ¿ o dialeto chinês mais falado, identificou os ideogramas nas placas, especialmente os que se referiam à paz e à prosperidade.

Dilma deixou a Cidade Proibida no fim da manhã e voltou para o Hotel St. Regis, onde deu entrevista à CCTV, a televisão central da China, e, de lá, seguiu para os últimos compromissos, o encontro com o primeiro ministro, Wen Jiabao, e o presidente da Asembleia Chinesa, Wang Banghoo. Antes de sair, deixou um recado no livro de ouro da cidadela: ¿É uma experiência fantástica a visita à Cidade Proibida, onde a China de outrora mostrava a sua força e riqueza. Hoje, a China recupera em outras bases o seu desenvolvimento. É muito importante a parceria entre o Brasil e a China¿. (DR)