Título: CSN garante alta lucratividade mesmo em ciclos de baixa
Autor: Rodolfo Zabisky - Consultor
Fonte: Gazeta Mercantil, 06/12/2004, Finanças & Mercados, p. B-2

Em mais um artigo da série "por que eu deveria investir na sua empresa?", conversamos com Benjamin Steinbruch, presidente do Conselho de Administração e diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).

A seguir, resumimos os principais pontos sobre as alavancas de valor da companhia, suas vantagens competitivas, oportunidades de crescimento e capacidade de entrega de resultados futuros.

A CSN foi constituída em 1941 e privatizada em 1993, quando o governo vendeu sua participação de 91%. A companhia é um complexo siderúrgico que combina minas próprias, usina integrada, centros de serviços, ferrovias e portos em suas operações.

A CSN, com uma capacidade anual de 5,8 milhões de toneladas/ano de aço bruto, é a única produtora de folhas de flandres no Brasil e uma das cinco maiores produtoras no mundo.

A CSN registrou EBITDA (lucro antes de impostos, depreciação e amortização) de R$3,4 bilhões nos primeiros nove meses de 2004, um crescimento de 49% relativamente ao mesmo período em 2003. A margem EBITDA ficou em 47% em 2004, praticamente estável com os 46% registrados nos nove primeiros meses de 2003. Nesse período, o lucro líquido atingiu R$1,5 bilhão, excedendo o dobro do registrado nos primeiros nove meses de 2003.

Cerca de 30% da produção da CSN são destinados ao mercado externo. Os preços no mercado doméstico são fortemente correlacionados ao preço internacional. Em 30/9/04, a dívida líquida consolidada da Companhia foi de R$5,1 bilhões, equivalendo a 1,1 vez o EBITDA acumulado anualizado.

Além dessa elevada rentabilidade, nota-se uma menor dependência dos ciclos de preço das commodities internacionais.

De acordo com Benjamin Steinbruch, "esse desempenho é decorrente de uma bem sucedida estratégia de integração, executada ao longo dos últimos dez anos. Atuamos em todos os processos fundamentais para fabricação e comercialização de laminados planos, incluindo mineração, logística, ener-gia elétrica e produção de aço bruto. Além disso, a combinação de uma política comercial bastante eficaz, com mix de produtos de alto valor agregado e o mais baixo custo de fabricação do setor, decorrentes de uma incansável busca por racionalização, nos permite uma forte geração de caixa e muito bons resultados, mesmo em ciclos de baixa no mercado siderúrgico internacional."

De fato, a CSN se diferencia de seus concorrentes, principalmente pela baixa dependência do mercado externo. Com 70% das vendas realizadas no Brasil, seus centros de serviço e distribuição espalhados pelo País asseguram adequado atendimento às necessidades dos clientes e flexibilidade conforme a demanda. A companhia é auto-suficiente em minério de ferro, fundentes e energia elétrica, comprando de terceiros apenas carvão e 20% do coque requerido na produção siderúrgica.

Na parte logística, dispõe de dois terminais portuários marítimos e participa no controle da ferrovia que os interliga à mina de ferro e à usina, assim como ao principal mercado consumidor doméstico. A atualização tecnológica da usina - investimentos de mais de US$2 bilhões em sete anos - e novas plantas de galvanização asseguram a inovação em produtos, principalmente para as indústrias automotiva, de linha branca e de construção civil.

Olhando para o futuro, Benjamin Steinbruch acredita "na concentração do setor siderúrgico e que grandes empresas serão uma realidade não apenas na Europa e na Ásia, como também no continente americano. Não temos pretensão de estar entre as maiores companhias do mundo. Nossa meta, e principal compromisso, é continuar como uma das mais rentáveis do setor, ampliando qualificadamente a presença internacional, de modo a atender nossos clientes globais e sermos a alternativa preferencial de fornecimento. Manteremos o foco comercial e de desenvolvimento nos produtos de maior valor agregado - qualidade e serviços - evitando concorrer no segmento de preços baixos. Nosso negócio de mineração já estará consolidado, inclusive com a expansão da produção de minério de ferro na nossa mina de Casa de Pedra, de 14 milhões de toneladas em 2003 para 40 milhões de toneladas anualmente. O negócio de logística também estará mais sedimentado, com a otimização do terminal de carvão no porto de Sepetiba, viabilizando infraestrutura para exportações de até 30 milhões de toneladas de minério anualmente. Assim, estarão solidificadas as três alavancas de valor da CSN: mineração, siderurgia e logística."

Opinião

Apesar do recente ajuste nos preços de aço no mercado norte-americano, esperamos valores firmes para 2005. No mercado doméstico, os preços tendem a estabilizar mais próximos da paridade de importação, o que deve assegurar valores médios em 2005 superiores aos de 2004.

Mesmo com os anunciados aumentos de custo, principalmente carvão, o maior preço médio dos produtos da CSN em 2005 deve assegurar resultados ainda melhores do que os registrados nesses primeiros nove meses de 2004.

Assim, considerando um cenário de estabilidade de preços internacionais, com viés de baixa no final de 2005, os múltiplos da CSN frente à média histórica das siderúrgicas nacionais e o comportamento relativo das ações em 2004 (conforme infográfico acima), aliado ao potencial de recuperação da economia brasileira, acreditamos num desempenho relativo superior ao longo de 2005.