Título: Produção cresce pelo quinto mês seguido, de acordo com o IBGE
Autor: Mônica Magnavita
Fonte: Gazeta Mercantil, 10/09/2004, Indústria & Serviço, p. A-11

A produção industrial cresceu 0,5% em julho em relação a junho deste ano, descontados os ajustes sazonais, completando a quinta alta consecutiva na comparação mensal, conforme divulgou, ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado de julho, a taxa acumulada em sete meses fica em 7,8%, acima, portanto, do resultado do primeiro semestre (7,5%). Em relação a julho de 2003, a expansão foi de 9,6% e em 12 meses o resultado é positivo em 5%.

Além dos números gerais, outro dado favorável revelado na pesquisa do IBGE, segundo o coordenador do Departamento de Indústria, Sílvio Sales, é a disseminação do crescimento da produção, até então mais concentrada no segmento de bens duráveis. "O último resultado mostra o dinamismo da recente evolução de bens de consumo duráveis, em função de melhores condições de crédito, e de bens de capital, impulsionado por um aumento no ritmo de produção em vários de seus subsetores", disse o técnico do IBGE.

As exportações exerceram efeitos positivos sobre a indústria de bens intermediários, com alta de 2,3% em julho, na comparação com o mesmo mês do ano passado, a maior taxa do ano. O setor também foi favorecido pelo bom desempenho da agroindústria e, mais recentemente, pelo aumento no ritmo de produção de setores tipicamente voltados ao atendimento da demanda interna. A produção de bens de consumo semiduráveis e não duráveis, mais sensível à evolução da massa de rendimentos, apresenta um ritmo de recuperação bem mais moderado.

O segmento de bens de consumo duráveis cresceu 1,1%, abaixo do ritmo dos três meses anteriores (3,7% em média). A redução de 1,1% observada no setor de bens de capital interrompe uma seqüência de quatro meses de expansão, período em que o setor acumulou crescimento de 9,9% entre fevereiro de junho deste ano. O mesmo movimento ocorre no setor de bens de consumo semiduráveis e não duráveis que, após crescer 2,3% entre março e junho deste ano, caiu 1% em julho.

O crescimento da produção industrial em julho ocorreu em 16 das 23 atividades que têm séries com ajustes sazonais. Entre os destaques estão os veículos automotores (5,4%), produtos de metal (7,0%), fumo (24,2%) e bebidas (4,9%). Em julho, houve queda de produção mais expressivas nos setores farmacêutico (-6,3%), outros produtos químicos (-1,3%) e outros equipamentos de transporte (-6,1%).

Economistas do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), apesar de considerarem os números "muito positivos", dizem que "nem tudo é cor-de-rosa no cenário industrial". Os segmentos mais ligados ao mercado de massas, os de semiduráveis e não-duráveis, ainda não deram sinais de que estão prontos a sustentar um processo de crescimento.