Título: Responsabilidade social contínua
Autor: Lino Campion
Fonte: Gazeta Mercantil, 15/09/2004, Opinião / Editorial, p. A-3

O orgulho corporativo aumenta com a preocupação social da empresa. A responsabilidade social é hoje um cartão de visita para as empresas. Afinal, faz diferença saber que a companhia da qual você compra produtos e utiliza serviços ou com a qual realiza negócios se preocupa com a comunidade em que está inserida e exerce seu poder de influência de maneira recompensadora para a sociedade. Mas o que está em jogo quando o assunto é responsabilidade social corporativa (RSC) não é apenas dar à empresa a imagem de "boazinha", mas implementar a importância das preocupações com a qualidade de vida, o meio ambiente e o social.

Todo indivíduo sente orgulho e satisfação ao ajudar o outro. Não é hipocrisia dizer que existe uma prévia empatia com a idéia, seja por parte de clientes, de fornecedores, de colaboradores ou de executivos do alto escalão. Ao realizar alguma atividade social, o ser humano sente uma alegria particular, talvez por saber dos problemas que independem da classe social, por saber da satisfação em ter uma necessidade básica atendida.

Considerando essa constatação, as empresas que exercitam a responsabilidade social - seja ainda como principiante, seja com um plano estruturado de RSC - devem estimular mais e mais a satisfação de grupo e pessoal de se engajar em projetos comunitários e ambientais, porque dela surgirão novas possibilidades.

O orgulho corporativo aumenta quando as pessoas percebem a preocupação social da empresa, e ser um facilitador das ações torna os indivíduos mais comprometidos com o trabalho e sociáveis nas relações interpessoais.

Os clientes identificam-se com a responsabilidade social, o que melhora e fortalece o relacionamento, sendo possível acessar níveis que profissionalmente não poderiam ser atingidos, além de aumentar o network em razão do interesse pela troca de informações que o assunto desperta.

O melhor dos mundos é quando o primeiro homem na hierarquia da companhia é o patrocinador das ações de RS. Normalmente, após a primeira experiência efetiva e de resultados iniciais, a participação é recorrente.

A autenticidade do comprometimento das empresas no exercício da responsabilidade social é a peça-chave para a longevidade dessa atividade. Elos com integridade, com ética e com a comunidade são atualmente considerados duvidosos, já que são postos à prova a todo o momento, mas finalmente seus valores estão sendo comprovados, tanto no âmbito pessoal como no profissional, e não podemos deixar essa chance escapar. É papel também das empresas perceber e fazer uso do momento, respondendo à obrigação de devolver à sociedade aquilo que "tira" dela. A preocupação com o outro não é mais parte de uma retórica inútil.

Temos agora a chance de mostrar que ela vale a pena. Se as empresas e as comunidades farão o uso correto e produtivo dessa ótima oportunidade, só o tempo dirá.