Título: Mercado financeiro prevê alta dos juros
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/04/2008, Finanças, p. B2

Cresce a expectativa do mercado de financeiro de aumento da taxa básica de juros nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), previstas para os dias 15 e 16. No entanto, economistas e representantes industriais contestam a possível elevação da Selic. O Boletim Focus, levantamento do Banco Central com 100 instituições financeiras, estima uma elevação da taxa de juros de 11,25% para 11,50% ainda este mês. Ao mesmo tempo, o boletim estima que a inflação aumente de 4,47% para 4,50% este ano. A expectativa é de que a taxa de juro encerre o ano em 12,5%. Por essa razão, o juro deve centrar as atenções na reunião hoje na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, com a presença do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que vai prestar contas da política econômica do governo federal. Isso porque o presidente da CAE, Aloizio Mercadante, disse que vai cobrar explicações de Meirelles. "Eu lutei para que a meta de inflação não fosse reduzida para 4%", disse Mercadante. "Imagine se a meta fosse 4% e a previsão fosse de 4,5%. Como estaria a política econômica agora?". O senador, que também é economista, prefere não antecipar a sua opinião sobre o aumento da taxa Selic. Mas algumas frases dão idéia clara de que o seu discurso é afinado com o governo. "A inflação no centro da meta num cenário de forte aquecimento da economia mostra o êxito da política econômica", acrescenta. "Um aumento poderia desacelerar esse crescimento econômico", complementa Mercadante. O Conselho de Economia (Corecon), do Distrito Federal, alega não existir a necessidade de o Banco Central voltar a elevar a taxa Selic porque não existem ameaças inflacionárias. Segundo o Corecon, as expectativas para a inflação, medida pelo IPCA, não se desviaram do centro da meta de 4,5% estimado para este ano. "Não vejo nenhuma motivação para a elevação do juro. Não há nenhum indicador, pelos índices de inflação divulgados recentemente, existir nenhuma pressão", disse o economista do Corecon, Júlio Miragaya. O economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flavio Castelo, concorda que não há pressão inflacionária. Para Castelo, a elevação da taxa de juros pode inibir o crescimento do investimento industrial na economia. "Temos de olhar as condições para se ampliar o investimento para equilibrar a oferta e demanda; e sinalizar alta do juro só vai deteriorar o ambiente (positivo da economia)", disse. Ele acrescenta que os únicos aumentos de preços observados, mais recentemente, foram leite e carne porque foram pressionados pelo mercado interno. "Se retirar esse produtos (dos cálculos) a taxa de inflação fica abaixo de 4% (nos últimos 12 meses", disse. Castelo avalia ainda que se a autoridade monetária decidir aumentar a taxa Selic nas próximas reuniões o Banco Central estaria contribuindo para acelerar a depreciação do dólar ante o real diante da crise dos Estados Unidos, o que atrairia mais capital especulativo para o País. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Viviane Monteiro e Rodrigo Camarão)