Título: É bom sinal a confiança externa na dívida interna
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/04/2008, Editoriais, p. A2

17 de Abril de 2008 - Estudo da Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima) mostrou sensível mudança no comportamento dos investidores estrangeiros em relação aos papéis da dívida externa brasileira. Nem mesmo o cancelamento de alguns leilões pelo Tesouro Nacional, nas semanas de maior volatilidade da crise da bolha imobiliária norte-americana, afastou a atenção dos aplicadores externos pelos títulos brasileiros, consolidando a impressão de que há outro padrão de observação para a economia brasileira, bem diferente do exercido, por exemplo, nas crises asiática e russa no final dos anos 90.

É fato que em alguns momentos da crise iniciada em julho, marcada pela queda de liquidez dos bancos, ocorreram episódios de exigência de taxas melhores por parte de investidores, mas em nenhum momento aconteceu uma piora no perfil da dívida brasileira. Como mostrou o levantamento da Andima, em junho do ano passado, os papéis prefixados representavam 38,% dos títulos públicos no mercado. Um mês depois da intensificação da crise, o perfil da dívida prefixada recuara para apenas 36,1%. É um comportamento completamente diferente do enfrentado na crise russa de 1998, quando a parcela dos prefixados nos títulos brasileiros despencou de 51,3% um mês antes do auge da crise para 7,1% um mês depois da turbulência.

Vale notar também que o investidor estrangeiro, além de manter ativa participação nos leilões, confirmou, nos momentos mais graves da crise, preferência por títulos de vencimento mais longo. Como revelou o levantamento da Andima, leilões de papéis vinculados ao IPCA, com vencimento em dez anos, representaram cerca de 40% da demanda no ano passado. Essa opção, que facilita a meta do Banco Central (BC) de melhorar o perfil da dívida, só foi possível, como reconheceram diversos analistas, "pela melhora no ambiente de negócios do mercado doméstico". (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 2)