Título: Deputados terão R$ 400 milhões para contratar
Autor: Falcão, Márcio
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/04/2008, Politica, p. A10

Brasília, 17 de Abril de 2008 - A pressão teve resultado. Seis dias após solicitar a assessoria técnica da Câmara um estudo sobre a verba de gabinete, o presidente da Casa, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), foi ao plenário anunciar o valor do reajuste. A partir deste mês, cada um dos 513 deputados receberá R$60 mil mensais para financiar a contratação de cinco a 25 funcionários, com salários que variam de R$ 555 até R$ 8 mil. O valor do aumento foi fechado, segundo Chinaglia, levando em consideração a reposição de 15,3% do IGPM acumulado desde 2005, último aumento da verba, e ainda um ganho real de 2,94%. A verba era de R$ 50.815 - eram gastos anualmente R$ 338,785 milhões para custear os vencimentos de 9,5 mil secretários parlamentares - nome dado a estes assessores. Com a medida, os gastos devem subir para R$ 400 milhões, sem levar em consideração encargos sociais, com vale-refeição, férias e previdência. Chinaglia destacou que o estudo apresentado pelos técnicos mostra que outras categorias do Executivo e do Judiciário tiveram, no mesmo período, uma recuperação de até 263%. O tom do discurso de Chinaglia foi firme. Ao lado dos sete integrantes da Mesa Diretora, o presidente da Câmara defendeu a ampliação da verba justificando que os servidores estão desde 2005 sem aumento. "Queremos demonstrar que fazemos isso às claras", afirmou Chinaglia, que em março disse informalmente a um grupo de jornalista que o repasse na verba não era tema de discussão na Câmara. A medida não encontra muita resistência no Congresso. Governistas e oposicionistas apóiam a decisão da Mesa - no caso da verba de gabinete o reajuste não precisa ser aprovado em plenário. "Foi uma decisão acertada. Todas as bancadas estão unidas", confirma o líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE), argumentando que a Constituição estabelece que deve haver um reajuste anual para os servidores públicos. O único partido a colocar sob suspeita o reajuste foi o PSol. O partido alega que este é um ano eleitoral e que 25% dos parlamentares são pré-candidatos e que a decisão pode ser, na realidade, uma saída para mascarar a contratação de novos assessores para trabalharem para os parlamentares em suas respectivas campanhas eleitorais. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 10)()