Título: IBGE apura queda do desemprego em março
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 25/04/2008, Nacional, p. A4

Rio, 25 de Abril de 2008 - A taxa de desemprego surpreendeu ao cair em março, registrando o menor patamar para este mês desde o início da série histórica, em 2002. Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que faz a pesquisa mensal, o movimento sugere que a inflexão na curva ocorrerá em 2008, ou mais cedo do que em anos anteriores. A taxa nas seis maiores regiões metropolitanas do País ficou em 8,6%, ante 8,7% em fevereiro, informou ontem o IBGE. Analistas previam 9%. "O resultado surpreendeu ao cair agora. O normal seria subir. Isso mostra um tendência de evolução do mercado de trabalho", disse Cimar Pereira, economista do IBGE. "Mantido o cenário é bem possível que tenhamos um ponto de inflexão na curva do desemprego que seja antes do esperado. Isso ocorre, normalmente, entre maio e junho." Inflação e juros Pereira ressaltou apenas que o aumento da inflação e dos juros pode impactar o mercado de trabalho no futuro, mas por enquanto a tendência de março se mantém. "A taxa é a mais baixa dos últimos seis anos para o mês de março e já se pode esperar que em abril ela também seja a menor da série, desde que algo de errado não venha a ocorrer." A queda do desemprego em março foi uma combinação de queda da desocupação com aumento na ocupação. "Há um aumento real no mercado de trabalho. A desocupação cai, mas não obrigatoriamente, porque as pessoas deixaram de procurar trabalho. O mercado está absorvendo esse contingente", diz Pereira.. O número de pessoas ocupadas subiu 0,6% mês a mês e 3,5% na comparação com março de 2007, para 21,282 milhões de indivíduos.. O total de desocupados caiu 0,8%, para 1,993 milhão de pessoas, e recuou 14,1% na comparação anual. Em março, o contingente de trabalhadores formais (com carteira assinada) alcançou o nível recorde de 51,6%, ante 51,5% em fevereiro e 48,1% em março do ano passado. "Há uma evolução mais sustentada do mercado de trabalho. Esse processo gradativo começou em 2005. Tem-se uma população mais escolarizada, o mercado exige uma capacitação cada vez maior e também existe uma fiscalização mais intensa. As relações de trabalho mudaram no País", afirmou Pereira. Flávio Serrano, economista-chefe da López León Markets, disse que a queda do desemprego foi uma surpresa positiva, mas que o relatório trouxe sinais de desaquecimento nos salários, mostrando o impacto da inflação no poder de compra. O rendimento médio do trabalhador caiu 0,6% ante fevereiro e subiu 2,0% frente a março de 2007, a R$ 1.188,90 reais. Esse valor representa uma diferença de 2,4% frente a março de 2002. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Reuters)