Título: Setor público obtém superávit recorde
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 02/05/2008, Nacional, p. A6

Brasília, 2 de Maio de 2008 - A economia do setor público consolidado (União, estados, municípios e empresas estatais) para honrar os compromissos financeiros do País e auxiliar o Banco Central na execução da política monetária chegou a R$ 15,403 bilhões em março deste ano. O resultado, divulgado quarta-feira pelo Banco Central (BC), é o chamado superávit primário (receitas menos despesas, excluído pagamento de juros). O superávit primário de março foi bem maior do que registrado no mesmo período do ano passado (R$ 7,138 bilhões) e maior do que o apurado em fevereiro deste ano (R$ 8,966 bilhões). No mês, o Governo Central (governo federal, Banco Central e Previdência) foi o que mais contribuiu para o resultado, com R$ 11,039 bilhões; as empresas estatais economizaram R$ 1,573 bilhão; e os governos regionais (estaduais e municipais) contribuíram com R$ 2,791 bilhões. No primeiro trimestre do ano, União, estados, municípios e estatais geraram um superávit primário de R$ 43,032 bilhões, ou 6,39% do PIB, proporção maior do que a meta do governo para 2008, de 3,8%. No período de 12 meses fechado em março, a economia para o pagamento de juros chegou a R$ 117,364 bilhões, ou 4,46% do PIB. Em março, o pagamento de juros chegou a R$ 39,988 bilhões. No mesmo trimestre do ano passado o pagamento de juros foi de R$ 38,851 bilhões. Ainda em março, os juros pagos pelo setor público consolidado chegaram a R$ 11,413 bilhões, contra R$ 15,444 bilhões registrados em fevereiro. Com isso, o superávit nominal, ou seja, receitas menos despesas, incluídos gastos com juros, ficou em R$ 3,990 bilhões, em março. Isso significa que as receitas foram maiores do que as despesas. No acumulado no ano também foi registrado superávit nominal no valor de R$ 3,043 bilhões. "O relatório fiscal de março reforçou a percepção de que os riscos nessa frente permanecem limitados", comentou o economista Diego Donadio, do banco BNP Paribas Brasil, em relatório. O bom desempenho fiscal do Brasil tem sido resultado principalmente de um crescimento das receitas tributárias em razão do aquecimento da economia. Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, em março a elevação das receitas, de R$ 1,5 bilhão, na comparação com fevereiro, foi resultado do recolhimento da primeira cota do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), dos dividendos das empresas estatais pelo governo federal e do recebimento de valores referentes a concessões do governo para o setor privado na área de petróleo e gás. As despesas no trimestre cresceram R$ 600 milhões. Para o resultado contribuíram a redução de R$ 500 milhões de gastos com pessoal e encargos, a elevação dos investimentos de R$ 900 milhões e a redução de R$ 1,5 bilhão nas transferências para estados e municípios. Outro fator foi o aumento do déficit da Previdência de R$ 600 milhões, influenciado pelo reajuste do salário mínimo. No primeiro trimestre, a performance também foi influenciada pelo atraso na aprovação do Orçamento, o que limitou os gastos do governo federal no primeiro trimestre. (Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Agência Brasil e Reuters)