Título: Governo admite criação de fundo soberano
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 07/05/2008, Finanças, p. B2

Brasília, 7 de Maio de 2008 - O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encarregou o Ministério da Fazenda de elaborar a proposta de criação do fundo soberano a fim de apoiar financeiramente as empresas brasileiras no exterior. Com isso, a medida estimularia as exportações que demonstram baixo dinamismo em decorrência da forte valorização do dólar ante o real. As expectativas são de que a entrada de dólares no País aumente pelo fato de o Brasil ter recebido grau de investimento pela Standard & Poor¿s. O ministro negou, entretanto, que a proposta, a ser anunciada nos próximos dias, tenha a finalidade de interferir na política de câmbio. O ministro informou ainda que o governo estuda criar uma subsidiária do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para trabalhar com o fundo soberano no comércio externo. O ministro Paulo Bernardo lembrou que o banco de fomento já concede crédito às empresas no mercado doméstico, o que justifica a idéia se criar também uma filial da instituição financeira no mercado internacional. "O objetivo da proposta não é ligada ao câmbio; é um apoio para financiar as atividades em países da América Latina e África (por exemplo), onde as empresas carecem de financiamento", complementou. Segundo o ministro, a proposta ainda será analisada pelo governo. Embora negue que o fundo seja um instrumento para interferir na política de câmbio, o ministro admite que o Tesouro Nacional fará a aquisição dos recursos em dólar. Neste caso, poderia impedir ou atenuar a queda da moeda. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já havia admitido em entrevista à Bloomberg, que o fundo soberano (com patrimônio estimado de US$ 10 bilhões) é a maneira mais eficiente de usar o excesso de dólares que entram no País. O ministério da Fazenda garantiu à Gazeta Mercantil que os recursos não viriam das reservas internacionais que superam US$ 190 bilhões. O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, acredita que o Brasil deve ter grandes benefícios com o recebimento de grau de investimento e que uma possível enxurrada de dólar no País não preocupa o governo federal. Isso porque as contas externas do balanço de pagamento (externas) e o câmbio tendem a se ajustar ao longo do tempo. "Vivemos em um regime de cambio flutuante e nesse regime as contas do balanço de pagamento tendem a se equilibrar, e o câmbio a se ajusta", avalia. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Viviane Monteiro)