Título: Governo detalha hoje fundo soberano
Autor: Lorenzi, Sabrina; Carvalho, Jiane
Fonte: Gazeta Mercantil, 13/05/2008, Finanças, p. B3

13 de Maio de 2008 - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou ontem a criação do Fundo Soberano - ou pelo menos uma parte dele - e hoje deve trazer os detalhes da operação. O objetivo do fundo é angariar recursos destinados a preparar empresas para a internacionalização de suas atividades. Parte do dinheiro virá do superávit primário e terá participação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O ministro sinalizou também que parte dos recursos pode ser obtida de pagamentos de tributos, mas preferiu deixar o detalhamento do programa para hoje em Brasília.

O fundo fará operações no exterior e repassará os recursos captados a organismos como o BNDES, que já apóia a internacionalização das companhias brasileiras com um programa especial de financiamento, mas que não deslanchou como esperavam os dirigentes do banco de fomento quando houve o lançamento da linha especial. O fundo soberano foi anunciado ontem durante o lançamento da política industrial do governo.

Centenas de empresários aplaudiram as medidas, mas alguns pontos despertaram críticas. O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), Paulo Skaf, elogiou a iniciativa, mas cobrou coerência das políticas fiscal e monetária do governo, lembrando que de um lado o BC eleva a Selic e de outro reduz os spreads do BNDES.

Retorno maior

Para Patrícia Bentes, sócia-diretora da Hampton Solfise, empresa especializada em finanças estruturadas e securitização, a criação de um fundo soberano pelo Brasil era inevitável. "O Brasil está seguindo um caminho que outros países já fizeram, criando seu próprio fundo soberano", explica. "Hoje, os recursos das reservas internacionais brasileiras rendem muito pouco, algo em torno de 2% ou 3% ao ano, e a busca por um retorno maior, se os recursos forem para o fundo, é natural."

A sócia da Hampton Solfise alerta apenas para a necessidade de uma gestão adequada do fundo. "Embora eu não conheça ainda os detalhes, acredito que os recursos devem ser destinados para apoiar empresas nacionais, em seus projetos no exterior, mas apenas as de baixo risco, o que é positivo."

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)()