Título: Dívida pública tem queda de 2,8% em abril, para R$ 1,32 tri
Autor: Monteiro, Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/05/2008, Finanças, p. B1

Brasília, 21 de Maio de 2008 - O estoque da dívida pública federal caiu 2,8% em abril. Segundo informações do Tesouro Nacional, a queda reflete a depreciação do dólar frente ao real. O endividamento ficou em R$ 1,318 trilhão, depois de atingir R$ 1,356 trilhão no mês anterior, segundo o Relatório Mensal da Dívida Pública Federal, divulgado ontem. O órgão mostra ainda que o aumento na taxa de juros provocou uma piora no perfil da dívida em títulos públicos. A queda da dívida é reflexo da desvalorização do dólar ante o real e do vencimento de R$ 46,403 bilhões em títulos, dos quais R$ 42,999 bilhões atrelados a papéis prefixados, disse Guilherme Pedras, coordenador-geral de operações da dívida pública do Tesouro. No caso da dívida mobiliária interna, a redução foi de 2,5%, cujo valor passou para R$ 1,218 trilhão, após o R$ 1,250 trilhão apurado em março. O resgate líquido (vencimento de títulos) foi de R$ 43 bilhões. A queda da dívida pública federal externa foi mais acentuada, por conta do impacto maior da depreciação do dólar. O débito recuou 6,25%, para R$ 99,6 bilhões, o equivalente a US$ 59 bilhões na moeda americana. O aumento na taxa de juro provocou uma piora no perfil da dívida em títulos públicos. A parcela dos papéis indexados ao juro básico da economia (Selic) aumentou de 33,35% para 35,34% entre março e abril. Já a participação dos títulos prefixados, que chegou a 36,26% em março, caiu para 34% em abril, em decorrência do resgate líquido de R$ 43 bilhões de tais papéis, explica a nota do Tesouro Nacional. A redução da parcela dos prefixados também é influenciada pelo fato de o Tesouro ter ofertado menos papéis, em virtude da elevação do juro e da melhora do cenário externo, o que elevam o custo do governo na emissão desses títulos, disse Pedras. IOF nulo A parcela de estrangeiros nos títulos da dívida pública interna manteve em março a trajetória de alta, mesmo com a cobrança de 1,5% no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), iniciada naquele mês, na entrada de investimentos externos em renda fixa, como títulos públicos. Em março, os papéis adquiridos por esse público atingiram R$ 73,13 bilhões, o equivalente a 5,85% do R$ 1,250 trilhão apurados naquele mês. Já em fevereiro, a parcela era de 5,68%, correspondentes a R$ 70,55 bilhões. O resultado mostra que o efeito da decisão do Ministério da Fazenda de taxar o investidor estrangeiro - para inibir a depreciação do dólar ante o real - foi nulo sobre o ingresso de capital de curto prazo no País. Sem fazer previsões para o mês de abril, Guilherme Pedras acredita que a tendência é de a participação de estrangeiros se manter elevada em razão da obtenção do grau de investimento pelo País, concedido no mês passado pela agência Standard & Poor""s. "Não há previsão, mas a estimativa é de que, com o recebimento do grau de investimento, passem a entrar no País investidores que até então não vinham", disse Pedras. O Tesouro mostra ainda que os papéis atrelados aos índices de inflação apresentaram aumento, cuja parcela subiu de 27,39% em março para 27,63% em abril. Porém, Pedras evitou vincular o aumento do resultado à alta da inflação. Ele disse que a alta tem mais a ver com o fechamento do bimestre. De acordo com a nota, a parcela dos papéis e contratos da dívida em moeda nacional subiu para 10,71% em abril por conta da valorização do real frente o dólar. Em março, a fatia representava 9,95%. O Tesouro informou que o custo médio da dívida interna subiu para 12,64% nos últimos 12 meses, ante 12,62%, em virtude da alta dos índices de preços. O vencimento da dívida em 12 meses caiu de 28,72% para 25,37% em abril, fator considerado positivo, porque alonga o vencimento do pagamento dos débitos. Com isso, o prazo médio da dívida total subiu de 40,26 meses para 41,65 meses. Esse alongamento vai ao encontro da recomendação das agências de rating. Lisa Schineller, diretora de análise de risco soberano da S&P, afirmou ontem que esse é um fator importante para uma futura elevação de rating do Brasil. (Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)()