Título: PF indicia Dantas e outros 9 funcionários do Opportunity
Autor: Santos, Gilmara
Fonte: Gazeta Mercantil, 21/07/2008, Direito Corporativo, p. A5

O banqueiro Daniel Dantas prestou, na última sexta-feira, o seu terceiro depoimento à Polícia Federal e seguiu a estratégia de não responder às perguntas relacionadas à Operação Satiagraha. Após o depoimento, que durou cerca de cinco horas, a PF indiciou o banqueiro e outros nove funcionários do Grupo Opportunity por gestão fraudulenta e formação de quadrilha, segundo o advogado do banqueiro, Nélio Machado. Na quinta-feira, o juiz federal Fausto Martins De Sanctis, da Sexta Vara Criminal de São Paulo, aceitou denúncia contra o banqueiro por suspeita de tentar subornar, por meio de dois intermediários, um delegado federal. Além de indiciar Dantas por gestão fraudulenta e formação de quadrilha, a PF acusa o banqueiro de oferecer US$ 1 milhão a um delegado para fazer com que os nomes dele e de outras duas pessoas fossem excluídos das investigações. Preso duas vezes em menos de 48 horas, Dantas foi libertado por habeas-corpus do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. As decisões judiciais desencadearam uma crise no Judiciário, que levou ao pedido de férias do juiz De Sanctis. Críticas da defesa O advogado Machado criticou as investigações e disse que não estão sendo isentas nem por parte da PF, nem do Ministério Público, nem da Justiça Federal. Para ele, a investigação tem viés político. "Nunca se viu numa investigação o presidente da República se manifestar. Nunca se viu convocar reunião com presença do Ministério da Defesa e do Supremo Tribunal Federal", alegou o advogado. E criticou ainda a divulgação de apenas três minutos do áudio de uma reunião entre delegados que teria durado três horas. "Eles (a PF) só mostram os três minutos e nós não sabemos em que contexto foram produzidas", afirmou. Afastamento do delegado No fim da semana passada, o delegado Protógenes Queiroz, afastado das investigações, resolveu contestar a versão dos seus superiores de que ele estaria deixando o comando da operação por vontade própria. Queiroz queixou-se formalmente à Procuradoria da República em São Paulo de obstrução às investigações sobre o caso. A denúncia será apurada em procedimento administrativo de controle externo da atividade policial, solicitado pelos procuradores Anamara Osório Silva e Rodrigo de Grandis. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), Queiroz alega ter sido afastado e reclama da falta de recursos humanos e materiais para que conduzisse o trabalho. Novo pedido de prisão O MPF anunciou que vai recorrer contra a decisão da Quinta Vara Federal Criminal de São Paulo, que negou novo pedido do MPF para a prisão preventiva do banqueiro, esse relacionado ao caso Kroll. O pedido foi formulado no dia 11 de julho pelas procuradoras da República Anamara Osório Silva, Ana Carolina Yoshi Kano e Kleber Marcel Uemura. E foi motivado pela suposta reiteração da prática criminosa de suborno.