Título: João Paulo faz nova defesa da reforma política
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Gazeta Mercantil, 17/09/2004, Política, p. A-8

O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), aproveitou ontem um seminário sobre os rumos do Parlamento brasileiro para voltar a defender a necessidade de uma reforma política no País. Declarou que o atual sistema é injusto, os deputados são cobrados pela quantidade de projetos, não pela qualidade dos mesmos. E completou que só conseguem verbas para obras em seus municípios os deputados que se aliam ao governo.

"As pessoas reduzem o papel do deputado federal ao do vereador de sua cidade. E como ele consegue aquela ponte, o calçamento ou a sarjeta? Somente com uma boa relação com o governo federal. Então, ele acaba entrando neste caminho", declarou João Paulo.

Para o presidente da Câmara, a cobrança feita pelos eleitores para que o deputado consiga verbas para a construção de pontes, a pavimentação de ruas e sarjetas obriga o deputado a "inevitavelmente, aderir ao governo".

"Em outros países, o deputado de oposição é de oposição, o papel dele é criticar o governo. Pode se exaltar, mas o papel dele é apresentar uma alternativa. Aqui, o voto é uninominal. Você não vota no partido, no programa, vota no candidato", acrescentou João Paulo.

O líder do PFL na Câmara, José Carlos Aleluia (BA), afirma que, em poucas palavras, João Paulo conseguiu expressar todo o fisiologismo praticado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que busca construir a maioria parlamentar na base da troca de favores. "Tem que ter calçamento para ter votação. Cada paralelepípedo, um voto", declarou o pefelista.