Título: Anglo estuda expansão e avalia aquisições no País
Autor: Lorenzi, Sabrina
Fonte: Gazeta Mercantil, 13/08/2008, Industria, p. C7

A Anglo American planeja crescer no Brasil por meio de aquisições e expansão dos ativos que já possui. A mineradora avalia dobrar a produção de minério de ferro do complexo Minas-Rio, que vai entrar em operação nos próximos dois anos com a capacidade para produzir 26 milhões de toneladas da matéria-prima, conforme planos iniciais. Também quer expandir o sistema de produção do Amapá, projetado para 7 milhões de toneladas. Os dois projetos são o começo de um negócio que pode chegar a 100 milhões de toneladas no País. Para marcar presença, a multinacional trocou o nome da empresa que adquiriu de Eike Batista, a Iron X, por Anglo Ferrous Brazil. O presidente da companhia Bernie Pryor, disse que o primeiro nome foi dado provisoriamente durante o processo de compra dos ativos. "Concluída a operação, é natural que a empresa passe a ter o nome da Anglo", afirmou o executivo, na primeira entrevista à frente da recém-criada Anglo Ferrous. Pryor defendeu a manutenção de Batista na presidência do conselho de administração da companhia. A Anglo inicia em setembro o processo de compra de ações dos acionistas minoritários da Anglo Ferrous Brazil. A companhia comprou 63% dos ativos de Eike Batista e agora quer os 37% que restam. Para ficar com os dois sistemas de produção (Rio-Minas e Amapá) e 49% da logística do negócio - que inclui um mineroduto de 526 quilômetros e o Porto do Açu, na região Norte Fluminense - a Anglo já gastou R$ 5,5 bilhões. Se conseguir comprar todas as ações dos minoritários, o investimento total da empresa pode subir para R$ 8,6 bilhões. A intenção da empresa é fechar o capital da Anglo Ferrous Brazil na Bovespa e na bolsa de Toronto. Localizadas no município de Conceição de Mato Dentro, as minas do Complexo Minas-Rio ainda estão em fase de licenciamento, mas o potencial elevado de reservas - 301 milhões de toneladas de minério de ferro medidas, outros 223,1 milhões de toneladas inferidos - já leva os executivos da empresa a pensar em uma segunda fase de expansão. "Apesar de não termos o valor final, provavelmente vamos duplicar a capacidade do Minas-Rio", afirmou o executivo. O projeto inclui produção de 26,6 milhões de toneladas, um projeto para construção de uma pelotizadora com capacidade para produzir 7 milhões de toneladas, além do mineroduto e do porto e possui investimento total estimado em US$ 2,3 bilhões. De acordo com Pryor, o projeto do Amapá, também deverá ser expandido. Esse sistema hoje já produz 6,5 milhões de toneladas anualmente e possui reservas estimadas em 330 milhões de toneladas. E já tem um contrato de fornecimento assinado com a Gulf Industrial Investment por 20 anos. Meta ambiciosa O projeto vai contribuir para os ambiciosos planos da holding Anglo American. A empresa quer produzir 150 milhões de toneladas de minério de ferro em 2017, o que corresponde a um crescimento de atualmente produz 30 milhões de toneladas. Com os ativos adquiridos no Brasil e a mina de Kumba (África do Sul), onde a empresa deve produzir 30 milhões de toneladas), a mineradora terá menos da metade do que pretende alcançar. Por isso, mira novos investimentos no Brasil e no país de origem. "Temos planos de expansão no Brasil e em Kumba, na África, e também estamos atentos a novas aquisições no mercado, que não se limitam, necessariamente, a estes dois pólos", afirmou Bryor. A Anglo American tem investimentos totais de US$ 12 bilhões no Brasil. Além de ouro e outros metais, desenvolve ainda um grande projeto de níquel em Barro Alto (Goiás), com investimentos de US$ 1,6 bilhão. Segundo Pryor, o Brasil não significa apenas minério de ferro para a Anglo e outros minerais poderão ser buscados. No mundo, a empresa tem cinco unidades de negócios: platina e diamante, metais básicos, minério de ferro e carvão.