Título: PIB cresce 1,28% até março
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 19/05/2011, Economia, p. 19

Mais uma vez, a esperada desaceleração da economia sinalizada pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, não se confirmou, o que aumenta o clima de desconfiança quanto às previsões da autoridade monetária. O indicador calculado pelo próprio BC como prévia do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas geradas no país) permaneceu forte no primeiro trimestre, com expansão de 1,28%. Mantido esse ritmo, a alta será de 5,2% no ano. No último trimestre de 2010, o avanço da economia havia sido um pouco menor, de 1,03%. Entre fevereiro e março o dado surpreendeu o mercado e subiu 0,51 %, no teto das projeções dos especialistas.

Para Fabio Gallo Garcia, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), os dados revelam ainda que a incerteza predomina no cenário. "Não teremos os 7,5% de expansão registrados no ano passado, mas também não há sinais concretos de que a economia caminha para o patamar que o BC espera, próximo de 4%", avaliou. Para ele, a atividade, o crédito e a inflação estão ainda em ritmo muito superior ao que o governo deseja. Em 12 meses, o PIB sobe 6,45%.

Emprego

Frente a igual período do ano passado, o avanço no trimestre foi praticamente de 3,97%. Na avaliação do BC, entretanto, uma leitura mais atenta dos resultados indica um movimento de diminuição na velocidade. No primeiro trimestre de 2010, esse número estava em 9,84% em comparação com 2009 e vem caindo desde então. O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otavio de Sousa Leal, classifica o período entre janeiro e março como de "desaceleração suave", devido a um menor ritmo de criação de postos de trabalho, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). "Esses dados do emprego talvez reflitam muito melhor como está a economia", disse.

Embora a inflação tenha arrefecido nas últimas semanas, o BC continua pressionado, pois as medidas tomadas até agora para conter os preços ainda não surtiram efeito de forma completa. A autoridade "monetária não tem influência sobre a contenção que se espera nos próximos meses.

¿Tradicionalmente, esse período tem inflação mais baixa", observou Leal. Segundo ele, mesmo com as taxas mais baixas, o BC deve continuar alerta, pois, no acumulado de 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegará a 7% em agosto. "O BC não pode se omitir."