Título: Viajantes passam o dia retidos em Brasília
Autor: Tranches, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 11/06/2011, Mundo, p. 26

O caos aéreo teve consequências também no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília: dos 120 voos domésticos previstos para ontem, 28 atrasaram e 12 foram cancelados até o final da tarde, por causa das condições no Sul do país. O Juizado Especial do Tribunal de Justiça do DF localizado no terminal tinha recebido 59 reclamações de passageiros até as 19h30.

Voltar para casa foi tarefa mais complicada do que o habitual para a farmacêutica Zilamar Fernandes. No aeroporto desde as 6h30, ela viu o voo para Porto Alegre ser remarcado três vezes e só viajou às 17h. ¿Ao contrário de outras vezes, dessa vez fui bem atendida. Ainda assim, está havendo muito desencontro de informações¿, queixou-se Zilmara, que trabalha em Brasília e volta para casa todo fim de semana. A também farmacêutica Adelina Nezzari tentar até trocar o voo para São Paulo, de onde seguiria de ônibus para a capital gaúcha, mas por fim desistiu. ¿Os ônibus também estão saindo cheios. Alguns colegas fizeram isso ontem à noite e até agora não chegaram em casa¿, disse ela, por volta das 16h.

A gerente de vendas Vanúzia Marques esperou das 8h40 até as 18h45 até embarcar para Maringá, a 436km de Curitiba (PR), onde tinha compromisso marcado para hoje. A empresa aérea não cumpriu a regra da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que obriga a recolocar o passageiro no voo seguinte ao que foi cancelado, mesmo que o trecho seja de outra operadora. ¿Disseram que não tinha vaga para hoje. Ofereceram o dinheiro de volta e preferi pegar, para seguir viagem em outra empresa.¿

O corretor de seguros Celso Marine tentava voltar para casa desde as 8h30 e, apesar do transtorno, mantinha o humor. ¿Dessa vez não podemos nem reclamar das empresas. É uma questão de segurança: melhor esperar a situação ficar boa para que os voos voltem a operar¿, disse, esperançoso de que até domingo chegaria de volta a Passo fundo (a 290km de Porto Alegre). ¿É Dia dos Namorados, tenho de passar com a minha esposa¿, contou o corretor, casado há 37 anos.

Para a analista de sistemas Gleyse Dutra, a comemoração ficou comprometida. Moradora do Rio de Janeiro, desde março ela planejava passar o 12 de junho com o namorado em Gramado (RS). O casal chegou ao aeroporto às 6h10, mas recebeu apenas um voucher de táxi para voltar para casa. ¿Perguntei quando poderia embarcar, mas disseram que o problema era a condição meteorológica e que não havia previsão¿, conta a jovem, que pagou taxa para transferir as reservas de hotel e perdeu o valor do aluguel de um carro.