Título: Prefeitura paulista opõe os petistas
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 18/06/2011, Política, p. 9
A disputa pela pré-candidatura do PT à prefeitura de São Paulo em 2012 pode causar novos danos ao governo federal. Dois ministros (Fernando Haddad, da Educação, e Aloizio Mercadante, da Ciência e Tecnologia) e a vice-presidente do Senado, Marta Suplicy, disputam a preferência da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Diante da crise instaurada no PT paulista com a queda do chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, petistas importantes temem que os interessados repitam o "fogo amigo" que derrubou o ministro mais forte da Esplanada.
Apontado como demissionário por "ter a sensação de que sua missão à frente do Ministério da Educação já estava cumprida", Haddad garantiu ontem que permanece na pasta até o fim do ano. Segundo o ministro, não é hora de falar em eleições municipais. "Pretendo prosseguir os programas que estão sendo realizados pelo MEC", acrescentou.
Dilma não gostou das especulações sobre a saída do titular da Educação. A interlocutores, no entanto, admitiu que os boatos partiram de interessados em disputar o espaço político dele. A avaliação não significa uma preferência de Dilma pelo ministro, já que ele permaneceu no cargo pela influência do ex-presidente Lula. É Lula quem deseja impor Haddad como candidato a prefeito. A preocupação de Dilma é retomar a normalidade administrativa de seu governo, arranhada após a queda de Palocci. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirma que o nome deve ser escolhido ainda este ano. ¿O que se prefere é um consenso para evitar a realização de prévias¿, acrescentou.
Em queda O diretório municipal do PT de São Paulo é dominado pelo grupo da senadora Marta Suplicy. A pré-candidatura da senadora sofreu um abalo considerável com a queda de Palocci. Ela contava com o prestígio do ex-chefe da Casa Civil para viabilizar-se diante de Dilma e Lula. Em 2006, Palocci elegeu-se deputado federal tendo Marta como principal cabo eleitoral. A senadora fez campanha pessoal para o então ex-ministro da Fazenda e esperava que, agora, o esforço fosse retribuído. Ela foi, inclusive, alertada por pessoas próximas para não se expor em demasia na defesa do ex-chefe da Casa Civil em um momento em que o partido lavava as mãos para o destino de Palocci.
Retribuição Mercadante, aparentemente, submergiu nesse debate, mas trabalhou intensamente nos bastidores para promover a mudança no núcleo de articulação política do Planalto. O ministro da Ciência e Tecnologia espera ser compensado por ter aberto mão, no ano passado, de disputar uma reeleição assegurada para o Senado e concorrer ao governo de São Paulo contra o tucano Geraldo Alckmin.
Na Câmara, outros quatro deputados sonham com o direito de disputar a prefeitura. Dois deles ¿ Arlindo Chinaglia e Ricardo Berzoini ¿ são apontados como os principais responsáveis pela divisão interna na bancada petista. Ex-presidente da Câmara e médico, Chinaglia considera-se preterido por não ter sido cogitado para uma vaga no ministério de Dilma.
Ex-presidente do PT e ex-ministro da Previdência, Berzoini perdeu quase todos os cargos que tinha nos bancos públicos. O estrago foi minimizado pela indicação à Presidência da Funcef, o fundo dos servidores da Caixa Econômica Federal que conta com um patrimônio de R$ 43,8 bilhões. Correm por fora os deputados Jilmar Tatto e Carlos Zarattini.
Colaborou Tiago Pariz