A economia dos Estados Unidos cresceu no terceiro trimestre em ritmo mais forte do que o estimado inicialmente, mostrando que o país mantém uma recuperação sólida, apesar de incertezas globais.

O Departamento de Comércio americano elevou sua estimativa de Produto Interno Bruto (PIB) anual para 3,9%, ante os 3,5% divulgados em outubro, refletindo revisões para cima em gastos de consumidores e empresas. O crescimento no segundo trimestre foi de 4,6%.

Analistas estimavam que o avanço cairia para um ritmo de 3,3%. Foi a quarta vez, em cinco trimestres, que a economia americana registrou crescimento acima de 3,5%.

Os EUA continuam sendo um ponto de destaque em uma economia global cada vez mais sombria, com o Japão de volta à recessão e o crescimento na zona do euro e na China desacelerando significativamente.

O rápido ritmo de crescimento pode elevar as expectativas de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) comece a elevar suas taxas de juros em algum momento na metade de 2015. O Fed vem mantendo sua principal taxa de juros perto de zero desde dezembro de 2008.

Os gastos de consumidores, item que responde por mais de dois terços da atividade econômica americana, cresceram 2,2%, ante 1,8% em números divulgados anteriormente. A expansão dos investimentos de negócios foi elevada a 7,1%, ante ritmo anterior de 5,5%.

Reflexos no Brasil. Analistas veem o resultado como uma oportunidade para o Brasil recuperar parte de suas exportações de bens industriais para os EUA, seu segundo maior mercado internacional. "É evidente que um desempenho bom nos EUA também tende a contribuir com as exportações de produtos industriais do Brasil", diz Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria. Para ele, o crescimento americano pode trazer algum impulso para o setor industrial brasileiro, "que vem num ritmo muito fraco".

A opinião do diretor de pesquisa da GO Associados, Fabio Silveira, é similar. Segundo ele, a recuperação dos EUA beneficia os países da América Latina quevão exportar. "O crescimento dos EUA arrasta outros países por meio do aumento das exportações", diz Silveira. Na sua avaliação, a China é o país que será mais favorecido, mas o Brasil também vai pegar carona. O crescimento dos EUA e o câmbio mais favorável às exportações devem garantir um saldo comercial de US$ 5 bilhões ao Brasil em 2015, calcula Silveira.

Daniel Cunha, estrategista da XP Investimentos, baseado em Nova York, avalia que o tema mais sensível para o Brasil é tentar antecipar quais os próximos passos de política monetária.

Ele acredita que, se nos próximos trimestres os EUA imprimirem uma magnitude de 4% de crescimento anualizado, isso poderá provocar uma reviravolta no cenário doméstico. "Os mercados vão começar ase reorientar com expectativas de um aperto de juros nos EUA e isso vai ter impacto para formação de preço aqui, especialmente de dólar e, principalmente, de curva de juros."

A Tendências prevê crescimento de 2,3%parao PIB americano no ano e de 2,9% em 2015. "Ainda assim são números bons ante um cenário que, de 2010 a 2013, teve média de crescimento de 2,2%", diz Campos Neto.