O líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), terá um dia de candidato hoje. O parlamentar promove um ato às 18h30 para lançar "oficialmente" seu nome na disputa pela Presidência da Casa - o carioca vem se movimentando nesse sentido pelo menos desde março, quando articulou o chamado "blocão". Cunha também participa do tradicional almoço da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). Na bancada do PT, o tema voltou a ser discutido ontem à noite, depois do encontro dos líderes da base do Congresso com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto. Correndo por fora, também circulam os nomes dos deputados Júlio Delgado (PSB-MG) e André Figueiredo (PDT-CE). 

Nos bastidores, fontes petistas avaliam a candidatura de Cunha como "um canhão", que já contabilizaria cerca de 300 votos de deputados. No último mês, o parlamentar tem mantido uma agenda de encontros com bancadas partidárias para tratar do tema. Na semana passada, o almoço foi com o líder do PSC, André Moura, e com parlamentares do partido. Antes disso, ocorreram encontros com a bancada do Solidariedade, que declarou apoio formal à candidatura de Cunha em 11 de novembro, e com os líderes do chamado "blocão" na semana anterior. 

Nas últimas semanas, porém, Cunha assumiu uma postura menos agressiva em relação ao Planalto. Foi o que ocorreu na votação das mudanças na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Cunha adotou o discurso da "responsabilidade" e tem trabalhado pela aprovação do projeto, considerado vital pelo Executivo. Interlocutores do líder, porém, negam que a medida tenha o objetivo de minimizar as resistências do Palácio. "Ele está realmente sendo responsável. São os repasses para estados e municípios, as emendas", afirma um aliado. 

A bancada do PT, por sua vez, padece da falta de um nome "natural" para disputar o cargo contra Cunha. Segundo um influente deputado petista, há até quem pense em abrir mão da disputa em nome da reedição do acordo com o PMDB, visando assumir a Presidência da Casa em 2017. A ideia seria aventada pela ala petista mais próxima ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como os deputados Cândido Vaccarezza (SP) e Devanir Ribeiro (SP), entre outros. "Esse tema não foi discutido em Fortaleza (durante a reunião da Executiva Nacional), oficialmente. Vamos voltar a falar disso hoje (ontem) à noite, depois da reunião com Dilma. Pode ser que saia alguma coisa", disse um parlamentar. Seguem na disputa os nomes dos ex-presidentes Arlindo Chinaglia (SP) e Marco Maia (RS). Também estaria disposto a concorrer o deputado José Guimarães (CE). 

Na semana passada, Júlio Delgado recebeu o aval da legenda para disputar o cargo. "Não é que eu já "sou candidato". Estamos trabalhando para viabilizar a candidatura", disse o parlamentar ao Correio. Além das conversas com partidos de oposição, como o PPS, o parlamentar mineiro também está buscando o apoio com legendas da base que não aceitam o nome de Cunha. 

A falta de iniciativa dos petistas, entretanto, pode acabar dando margem para o surgimento de outros candidatos na base aliada, entre partidos que "não topam" o nome de Eduardo Cunha. É o caso do PDT, em que começa a ser aventado o nome do ex secretário executivo do Ministério do Trabalho e Emprego André Figueiredo (PDT-CE). "Na última reunião do partido, foi vocalizado isso, de que existe a vontade de ter uma candidatura própria à presidência", disse o deputado Marcos Rogério (PDT-RO). 

Os candidatos 
Saiba quem são os nomes mais cotados para disputar a Presidência da Câmara 

Eduardo Cunha (PMDB-RJ) 
Líder da bancada do PMDB, vem trabalhando a candidatura desde o começo de 2014. Economista de formação. Foi reeleito para o 4º mandato na Câmara 

Arlindo Chinaglia (PT-SP) 
Ocupa atualmente a vice-presidência da Câmara. Médico, vai para o 6º mandato consecutivo. Foi presidente da Câmara entre 2007 e 2009 

Marco Maia (PT-RS) 
Sindicalista e torneiro mecânico, está reeleito para o 3º mandato na Câmara. Foi presidente da Casa no período entre 2011 e2013 

José Guimarães (PT-CE) 
Advogado, está reeleito para o 3º mandato na Câmara. Foi líder da bancada do PT em 2013 e é vice-presidente nacional do Partido. É também irmão de José Genoino, um dos condenados no mensalão 

Júlio Delgado (PSB-MG) 
Oriundo do PPS, é formado em direito e conquistou o primeiro mandato parlamentar em 2002. Está reeleito para o 4ª mandato na Casa 

André Figueiredo (PDT-CE) 
Filiado ao PDT desde os 17 anos, está reeleito para o 3º mandato na Câmara. Foi também secretário executivo do Ministério do Trabalho entre 2007 e 2010