A Justiça Federal de Mato Grosso enviou na quarta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) o processo que investiga possível envolvimento dos deputados federais Osmar Serraglio (PMDB-PR) e Nílson Leitão (PSDB-MT) em um suposto esquema de invasão de terras indígenas e arrecadação de R$ 30 mil para direcionar parecer na comissão da Câmara que trata de demarcação destas terras. A acusação é do Ministério Público Federal em Mato Grosso. Leitão é o vice-presidente da comissão especial que trata do tema, e Serraglio, o relator. Ambos são ligados aos ruralistas.

A decisão de enviar a investigação ao STF, onde são julgadas autoridades com foro, foi do juiz federal de Barra do Garça (MT), Cesar Augusto Bearsi. A Procuradoria Geral da República se manifestará pela abertura ou não de processos contra os dois deputados no STF. Escutas realizadas com autorização judicial e obtidas pelo MP demonstram, segundo os procuradores, o pagamento de R$ 30 mil ao advogado Rudy Maia Ferraz, que foi ligado à Confederação Nacional de Agricultura (CNA) e teria auxiliado Serraglio em seu relatório.

Sebastião Ferreira Prado, presidente de uma associação de produtores rurais do estado, foi flagrado nas gravações. Foi ele quem revelou o suposto pagamento. O relatório de Serraglio poderá ser votado amanhã e prevê que o Congresso dê a palavra final sobre a demarcação de terras indígenas, e não o Executivo. O relator classificou a acusação do MP como "ridícula". O deputado Nilson Leitão disse estar tranquilo com o envio do caso para o STF e não acredita que a denúncia vá prosperar. O advogado Rudy Ferraz disse ter saído da CNA no início de 2013 e que seu envolvimento é um "tremendo equívoco".