A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) disse ontem que vai processar criminalmente o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) pelas ofensas proferidas contra ela na Câmara e que pedirá à mesa diretora da Casa que o deputado fluminense "nunca mais" chegue perto dela. Na sessão de terça-feira, Bolsonaro disse da tribuna que não estupraria Maria do Rosário "apenas porque ela não merece". Antes, ela havia feito um discurso com duras críticas ao regime militar (1964-1985).

A Ordem dos Advogados do Brasil também elabora ação criminal conjunta no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Bolsonaro por acreditar que ele incitou a violência e proferiu injúrias. Além disso, PT, PCdoB, PSOL e PSB entraram ontem com uma representação junto ao Conselho de Ética da Câmara contra o deputado do PP. O grupo pede a cassação do mandato por quebra de decoro.

Escândalo envolvendo irmão

Ontem, ainda abatida pelas ofensas, Rosário disse que tem medo de ser agredida fisicamente por Bolsonaro e afirmou que vai recorrer à Justiça por danos morais e "em nome de todas as mulheres que sofrem violência verbal ou física":

- As agressões não são apenas contra a deputada, mas também contra a mulher, contra a filha, contra a mãe que eu sou. Isso tem que terminar.

Ontem, Bolsonaro voltou a atacar a deputada, mencionando um episódio em que Rosário, então relatora da CPI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, flagrou o cunhado e um outro homem, numa blitz de madrugada, acompanhado de duas menores (11 e 15 anos). O caso ocorreu em 2003 e foi amplamente noticiado.

Na época, a deputada pediu formalmente às autoridades que investigassem o caso e tentou renunciar à relatoria, mas o movimento não foi aceito pelos colegas de CPI. Procurada, Rosário não quis comentar as declarações feitas por Bolsonaro com relação a esse assunto.

Segundo a parlamentar, a postura do deputado sempre foi "agressiva e intimidatória", não só com ela mas também com outras mulheres parlamentares.