Principal fiador da aprovação da mudança da meta fiscal, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), apresentou nesta quinta-feira, 11, à presidente Dilma Rousseff a “fatura” do PMDB do Senado na reforma ministerial para o próximo mandato da petista. Em conversa privada no início da noite, ele defendeu que a bancada seja contemplada com dois ministérios de peso político, sem apresentar nomes.

 

No momento em que o PMDB da Câmara enfrenta o governo com o lançamento da candidatura do líder da bancada, Eduardo Cunha (RJ), para presidente da Casa, Renan buscou também na conversa garantir fidelidade sua e dos senadores do partido a Dilma durante o segundo mandato. Ele pretende ser reconduzido à presidência do Senado, apesar de ter sido citado na delação premiada do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa como beneficiário do esquema de corrupção na Petrobrás. Renan nega qualquer envolvimento com o caso.

 

O senador, na conversa com Dilma, entrou na disputa interna do partido por postos-chave na Esplanada. Além do pleito do PMDB do Senado, há demandas do vice-presidente Michel Temer, presidente nacional da sigla, e da bancada na Câmara - o que tem feito com que o Palácio do Planalto adie o anúncio dos ministros da legenda. 

 

A expectativa era de que a presidente divulgasse a fatia do PMDB nesta semana, depois da aprovação do projeto que alterou a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014 e permitiu, na prática, o abandono do cumprimento da meta de superávit primário (a economia que o governo faz para o pagamento dos serviços da dívida pública). O PMDB, dono da maior bancada no Senado e da segunda mais numerosa na Câmara, foi quem garantiu a votação da proposta em tempo exíguo. 

 

A conversa que Dilma teria nesta quinta com Temer sobre reforma ministerial acabou não ocorrendo, sem previsão de nova data.São cobiçadas pelo PMDB do Senado pastas como Minas e Energia, Cidades, Integração Nacional, Transportes e Turismo - os principais candidatos são Eduardo Braga (AM), no caso de Minas e Energia, e Eunício Oliveira (CE), se Dilma decidir entregar a Integração à legenda.

 

Fórmula. O governo ainda busca uma fórmula para acatar os pedidos de cada um desses três grupos - Temer, Câmara e Senado. No entanto, há dificuldades em fechar o espaço da Câmara. A bancada entrou em rota de colisão com o Planalto desde que Cunha comandou uma rebelião que imprimiu derrotas para o governo e culminou com sua candidatura a presidente da Casa.

 

Reservadamente, os deputados afirmam que não querem ter participação menor do que a do Senado. Eles pretendem emplacar na reforma ministerial o atual presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), derrotado na disputa ao governo do Rio Grande do Norte e cotado para a Previdência, e um segundo nome com mandato no ano que vem - a maior aposta é o deputado Pedro Paulo (RJ), ex-secretário da Casa Civil da prefeitura do Rio.

 

O principal nó para a bancada é acatar as indicações de Temer, que quer manter na Esplanada o atual secretário de Aviação Civil, Moreira Franco, e tornar ministro o deputado Eliseu Padilha (RS), que atuou na coordenação do PMDB na campanha de Dilma mas não disputou a reeleição. Eduardo Cunha não aceita incluir Moreira Franco, seu desafeto, na cota da Câmara. Além do mais, a bancada na Casa considera que apadrinhar dois nomes de Temer seria dar poder excessivo ao vice-presidente.