Na composição do secretariado, poucos partidos da base de apoio de Rodrigo Rollemberg (PSB) foram contemplados. O governador fez questão de fazer escolhas mais técnicas para o primeiro escalão. Com isso, antes mesmo de assumir, muitas legendas aliadas demonstravam insatisfação com os socialistas. Para acalmar os aliados, o GDF cedeu cargos no segundo escalão e negociou as chefias das administrações regionais - que terão número de servidores e comissionados controlados pelo governo a fim de evitar que se transformem em cabide de empregos para os políticos (confira quadro ao lado e matéria abaixo). Agora, os chefes do Palácio do Buriti acreditam que o xadrez político está praticamente montado. Tudo em nome da governabilidade. 

Das legendas que apoiaram Rollemberg desde o início da eleição, o PDT é o dono da maior bancada na Câmara Legislativa: são três distritais. À sigla foi dada a Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo, chefiada pelo presidente do partido no DF, Georges Michel, um dos mais antigos pedetistas do Brasil. Celina Leão (PDT), além da presidência do Legislativo local, emplacou o administrador de Sobradinho II, que ganhou em importância por ter se juntado à Fercal. Ela ainda teve peso na nomeação do Departamento de Trânsito (Detran). Joe Valle (PDT) tem uma subsecretaria no Meio Ambiente. Amigo pessoal do senador José Antônio Reguffe (PDT), Nery do Brasil, novo responsável por Santa Maria, entrou na cota da sigla. 

Críticas 
Além de ter o vice-governador Renato Santana, o PSD ganhou o senador Hélio José, que assumiu o assento de Rollemberg na Casa. A sigla também pretende levar a Administração de Ceilândia - ocupada interinamente por Santana, que deve ser substituído por algum colega de partido. Na Secretaria de Desenvolvimento Humano e Social, o presidente do PSD-DF, Rogério Rosso, emplacou a mulher, Karina, em uma das subsecretarias. Ela foi nomeada em 2 de janeiro e saiu de férias no dia seguinte. Sofreu uma série de críticas, mas a pasta explicou que, como Karina ainda não havia tomado posse, não estava recebendo os cerca de R$ 12 mil mensais pela função. 

Dos outros apoiadores do PSB, a Rede ganhou o Lago Norte e a pasta do Meio Ambiente, e o Solidariedade, as administrações do Gama, indicação do deputado federal Augusto Carvalho, e de Taguatinga, na cota da distrital Sandra Faraj. Do próprio PSB, poucos dos derrotados nas eleições proporcionais ficaram de fora do GDF. Igor Tokarski está de forma interina à frente do Plano Piloto; Flavio Brebis assumiu a polêmica Subsecretaria LGBT, rebaixada à condição de coordenadoria; e Julio Menegotto é o número dois da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap). Também influenciou na escolha da presidente da Câmara Legislativa. 

Exoneração 
O socialista Wilson Granjeiro, segundo suplente socialista de deputado federal, levou a secretaria-executiva da Escola de Governo e, de quebra, pôs a esposa como assessora especial da Casa Civil. Dias depois, no entanto, ela foi exonerada a pedido. Quem fez campanha para Rollemberg no segundo turno e os que aderiram à base do governo após a vitória não ficaram de mãos abanando. O PRB, por exemplo, levou a Secretaria de Esporte e as administrações do Riacho Fundo II e de Samambaia. O PRTB, presidido por Luis Estevão, foi ouvido nas escolhas de Brazlândia e do Recanto das Emas. 

No PSDB, há uma disputa interna em curso. O distrital Raimundo Ribeiro ganhou as chefias do Procon, do Na Hora e da Administração de Sobradinho. O deputado federal Izalci Lucas (PSDB) ainda não conseguiu emplacar ninguém, mas avisou ao GDF: quer a Companhia de Planejamento do DF (Codeplan). O PPL, da eleita para a Câmara Legislativa Telma Rufino, foi encaixado nas escolhas de Águas Claras e de Vicente Pires. O distrital Lira indicou São Sebastião e Luzia de Paula, Ceilândia Sul. 

Mapa das administrações 
GDF reconfigurou a distribuição de cargos nas regiões administrativas conforme critérios populacionais. Confira como ficou: 

Grupo 1 
» Plano Piloto, Taguatinga, Ceilândia, Planaltina e Samambaia. 
» Cerca de 80 cargos comissionados cada uma 

Grupo 2 
» Gama, Sobradinho 1, Guará, Cruzeiro(1), Santa Maria, São Sebastião, Recanto das Emas e Águas Claras. 
» Cerca de 70 cargos comissionados cada uma 

Grupo 3 
» Sudoeste/Octogonal (1), Park Way (2), Candangolândia (2), Núcleo Bandeirante (2), Lago Sul (3), Jardim Botânico (3), Lago Norte (4), Varjão (4), Sobradinho 2 (5), Fercal (5), Brazlândia, Paranoá, Riacho Fundo 1, Riacho Fundo 2, Setor Complementar de Indústria e Abastecimento (SCIA)/Estrutural, Itapoã, Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) e Vicente Pires. 
» Cerca de 60 cargos comissionados cada uma 

(1) Cruzeiro e Sudoeste/Octogonal passarão a fazer parte de uma só Região Administrativa (RA) assim que a lei for aprovada pela Câmara Legislativa e devem mudar de grupo 

(2) Park Way, Candangolândia e Núcleo Bandeirante passarão a integrar a RA do Núcleo Pioneiro, que pode mudar de grupo 

(3) Lago Sul e Jardim Botânico passarão a integrar a mesma RA, que pode mudar de status 

(4) Lago Norte e Varjão integrarão em uma só RA, que pode mudar de grupo 

(5) Fercal e Sobradinho 2 passarão a fazer parte de uma só RA e podem mudar de grupo

 

 

Mudanças nas RAs 

Além de ter anunciado a redução no número de regiões administrativas de 31 para 25 (que ainda depende de aprovação pela Câmara Legislativa), o GDF fez uma reorganização geral nas estruturas. As administrações agora passarão a fazer parte de três grupos, que foram divididos com base nas populações das cidades. A distribuição de servidores públicos (efetivos e comissionados) levará em consideração essa graduação. As maiores terão mais cargos e as menores ficarão com quantidades inferiores. Também foram dadas a elas autonomia operacional e dotação orçamentária específica.

 

A ideia do governo é reforçar a presença nas áreas mais populosas. O secretário-chefe da Casa Civil, Hélio Doyle, explica que, no governo Agnelo Queiroz (PT), o número de servidores nas administrações era aleatório. “Eles colocavam as pessoas simplesmente para atender a acordos políticos. Não pode ser assim, é preciso ter critério. Foi isso que tentamos fazer”, afirma.

 

No entanto, com o enxugamento no número de cargos (1,3 mil, no total das RAs), a importância das administrações regionais diminui para deputados que as usavam, por exemplo, para abrigar aliados. Brasília (agora Plano Piloto), Taguatinga, Samambaia e Planaltina, por exemplo, passam a contar com cerca de 80 comissionados. No governo passado, elas encerraram o ano com 164, 247, 228 e 169, respectivamente. Os distritais que foram ouvidos no processo de escolha dos administradores, por enquanto, estão sendo avisados de que não poderão indicar os cargos livremente.