O governo do Uruguai divulgou há pouco menos de duas semanas a regulamentação do plantio de cânhamo não psicoativo. A planta utilizável na indústria têxtil e de cosméticos e até na alimentação teve a exploração habilitada há cerca de um ano, quando a nova legislação passou a regular o mercado da maconha no país. Pelo decreto, o cânhamo, considerado a nova soja ecológica, poderá ser cultivado para fins industriais. De acordo com a agência de notícias France-Presse, o controle da produção é prerrogativa do Ministério de Gado, da Agricultura e da Pesca. Os agricultores terão de registrar-se no Instituto de Regulação e Controle da Cannabis (IRCCA). 

Desde que a maconha foi legalizada no país único no mundo a liberar o cultivo, a comercialização e a distribuição , foi reduzido a zero o número de mortes ligadas ao uso e ao comércio da droga. Por outro lado, uma pesquisa realizada pela Junta Nacional de Drogas (JND), divulgada em dezembro pelo governo de Montevidéu, revelou que o consumo de maconha superou o de tabaco entre jovens de 13 a 17 anos. No entanto, não houve um surto de consumo desencadeado pela aprovação da lei: o aumento segue a tendência crescente registrada durante toda a última década. A curva não disparou, e isso é muito significativo, comemorou Julio Calzada, secretário-geral da JND. 

Autocultivo 
Em entrevista ao Correio, o estudante de ciências sociais Diego Pieri relatou que os usuários de maconha no Uruguai têm duas maneiras de ter acesso à erva de maneira legal: por meio do autocultivo ou associando-se aos clubes de cannabis. Segundo Pieri, é permitido a eles manter até seis plantas fêmeas e 480g de produção anual da erva por agregado familiar. A última notícia é de que há cerca de 700 cultivadores e, pelo menos, 15 clubes em formação, relata o estudante. No entanto, está claro que, por mais que o autocultivo tenha aumentado, ele não abastece nem de perto os 150 mil usuários uruguaios, que seguem fumando a erva prensada no Paraguai. A maioria ainda se abastece no mercado clandestino, que só vai desaparecer, na minha opinião, quando a maconha passar a ser vendida nas farmácias, acrescenta. ( LF