BRASÍLIA

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), quer que os 39 ministros da presidente Dilma Rousseff compareçam ao plenário da Casa para dar explicações sobre suas pastas este ano. Em reunião com líderes partidários, Cunha explicou que a ideia é que cada ministro compareça em uma semana específica para debater com os deputados, em comissões gerais, o conteúdo das pastas. Para isso, seria necessário aprovar um convite geral a todos. Cunha, no entanto, não descartou a possibilidade de convocação dos ministros.

- Vamos estabelecer uma rotina: convidar ministros de Estado, às quintas-feiras, durante o ano inteiro, um por semana, em comissão geral, para falar sobre suas pastas. Fazer um calendário para o ano inteiro, acertar os convites. Se eventualmente alguém que foi convidado, sem uma motivação de força maior, se recusar a comparecer, pode ser que o plenário entenda em fazer a convocação. Mas o objetivo é o debate - justificou Cunha.

Comissões gerais são realizadas no plenário da Câmara para debates de temas específicos. Os convidados falam e respondem os deputados. O ministro só é obrigado a comparecer se for convocado. Nos últimos anos, a Câmara realizou comissões gerais, mas como algo excepcional e não rotineiro, como propõe o novo presidente.

Cunha ganhou a eleição com o discurso de independência em relação ao Executivo. Ontem, ele justificou que a medida permitirá ao Parlamento debater questões com os ministros. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), minimizou a nova rotina proposta. Para o líder do governo, o momento é de recompor a base e não de interpretar tudo como uma afronta.

- Sempre o debate servirá de base para articulações. Vamos trazer ministros para debater os temas relevantes. Afronta? Menos. Não vamos exagerar. A pauta está leve. Os entendimentos estão se processando - disse.

Para aliados, no entanto, a medida tende a ser mais uma tentativa de Cunha de constranger o governo.

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Peemedebista depõe na PF sobre gravação telefônica 

 

BRASÍLIA

A Polícia Federal ouviu ontem o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no inquérito aberto para apurar denúncia de adulteração de uma gravação que, segundo o próprio Cunha, teria como objetivo prejudicá-lo na campanha à presidência da Casa. Em janeiro, durante a campanha, Cunha chamou a imprensa para apresentar a gravação que tentaria incriminá-lo. A Polícia Federal abriu um inquérito, e Cunha prontificou-se a falar.

Durante a campanha, o peemedebista disse a jornalistas que um suposto policial, que lhe teria fornecido a gravação, também informou que a armação estava sendo orquestrada pela cúpula da Polícia Federal. Na época, ele disse que a armação teria como objetivo constranger sua candidatura à presidência da Câmara. Cunha contou que foi procurado, no dia 17 de janeiro, em seu escritório político, por um homem que se apresentou como policial federal e que teria denunciado a movimentação na cúpula da PF para incriminá-lo.

Ontem, ao chegar à Câmara, o presidente da Casa disse que repetiu no depoimento os fatos que apresentou à imprensa em janeiro.

- Falei os fatos que tinha falado para a imprensa. Agora, é problema deles. Eles que têm que responder. Eles precisavam ter formalmente meu depoimento para, a partir daí, partirem (para dar andamento à investigação) - disse Cunha.

O áudio mostra uma conversa entre duas pessoas. Um dos interlocutores dá a entender que seria aliado do deputado. A outra pessoa o estaria chantageando para não revelar informações que comprometeriam Cunha.