No segundo dia consecutivo de agendas em São Paulo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi alvo de vaias e xingamentos de militantes simpáticos à causa LGBT na Assembleia Legislativa de São Paulo. Após deixar a confusão, o peemedebista terminou o dia sob afagos de tucanos paulistas, como o governador Geraldo Alckmin e o senador José Serra.

Ao discursar em meio ao protesto na Assembleia, Cunha rebateu os ataques chamando manifestantes de “intolerantes” e retribuiu a hospitalidade tucana citando a tramitação célere de projetos propostos por Alckmin. É a terceira vez que Cunha cumpre agenda em São Paulo desde fevereiro, quando foi eleito para o comando da Câmara. Anteontem (26), o deputado foi recebido na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) pelo presidente da entidade, o também peemedebista Paulo Skaf.

Gritos

No início da manhã de ontem (27), Cunha participou da abertura da audiência pública da Câmara Itinerante - projeto em que pretende levar o Legislativo Federal para os Estados. Ao ser anunciado, o peemedebista foi recebido com gritos de “Corrupto”, “Machista e homofóbico: não passarão”, “Fora, Cunha”, “Fascista” e “Constituinte já, o povo quer falar”. Parte do grupo de 30 manifestantes ainda promoveu um “beijaço” na galeria.

Cunha, que está sendo investigado pelo Supremo Tribunal Federal por ter seu nome citado por delatores da Operação Lava Jato e não esconde seu posicionamento contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, interrompeu o discurso cinco vezes por causa do protesto. O presidente da Casa, Fernando Capez (PSDB), paralisou por dez minutos a audiência e ordenou que a PM esvaziasse a galeria. A resistência dos manifestantes provocou um princípio de tumulto.

Com a galeria fechada, Cunha discursou para deputados e a imprensa. Aos parlamentares paulistas, criticou a decisão do STF de fixar prazo para que os estados paguem os precatórios que devem. “São Paulo, por exemplo, não tem como pagar”. Antes, chamou os manifestantes de “intolerantes” e cobrou deles “educação” - em entrevistas, insinuou que o grupo organizou o protesto a mando de partidos como PT e PSOL para atingi-lo.

‘Fictício’

Cunha também criticou a tentativa de refundação do PL, chamado por ele de “partido fictício”. Para ele, a crise política se agrava quando o governo não faz gestos de aproximação ou segue no sentido contrário. “Não se discute reforma política de verdade criando partido fictício”, disse o peemedebista, que defendeu a criação do Rede Sustentabilidade por ter “base ideológica”.

Após a audiência na Alesp, Cunha visitou quatro instituições, uma de cuidado a animais abandonados e três de atendimento a pessoas com deficiência, numa agenda organizada pela deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP). No final da tarde, percorreu a Rede de Reabilitação Lucy Montoro, do governo do Estado, acompanhado de Alckmin e Serra, numa agenda semelhante a uma campanha.

Alckmin agradeceu a tramitação, na Câmara, de projetos de interesse do Estado. Entre eles o que classifica de hediondo os crimes contra agentes policiais, que segue agora para o Senado. Em menos de três meses Cunha já deu urgência aos quatro projetos encaminhados pelo governador tucano.