CPI da Petrobras poupa donos de empreiteiras

Correio braziliense, n. 18993, 27/05/2015. Política, p. 3

Pela terceira vez, o presidente da CPI da Petrobras, Hugo Motta (PMDB-PB), decidiu poupar executivos e os dispensou de prestarem esclarecimentos às investigações da comissão. Após colher o depoimento do vice-presidente da Camargo Côrrea, Eduardo Hermelino Leite, Motta liberou o presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa, João Ricardo Auler, e o presidente da Construtora OAS, José Adelmário Pinheiro.
Ao informarem que permaneceriam em silêncio durante a oitiva, os dois empreiteiros acabaram liberados. A cena que se repetiu ontem ocorreu pela primeira vez na semana passada, quando o presidente livrou o ex-executivo da Engevix Gerson Almada de ser pressionado por deputados. Eles são de empreiteiras que financiaram campanhas eleitorais de membros da comissão, inclusive do presidente Hugo Motta e do relator, Luiz Sérgio (PT-RJ).
Já o vice-presidente da Camargo Corrêa reafirmou as denúncias apresentadas em delação premiada. O executivo entregou à CPI da Petrobras dez dos 23 depoimentos que prestou à Polícia e à Justiça e informou que os demais ainda estão sob investigação. Com isso, indicou haver outros agentes de corrupção dentro da estatal, mas reforçou que não poderia entregar nomes por estar ainda em fase de apuração pela polícia.

“Nos termos de colaboração, esclareço a participação de superiores, pares e subalternos. Também relato reuniões e encontros om agentes públicos e privados onde o pagamento de propina foi tratado. Identifico autores e coautores”, afirmou. Ele alegou que não tinha acesso às negociações da Petrobras se não passasse pelos operadores do esquema, como o doleiro Alberto Youssef e o executivo Julio Camargo. A Camargo Corrêa venceu licitações da Petrobras no valor de mais de R$ 6 bilhões para obras nas refinarias Getúlio Vargas, no Paraná, e Abreu e Lima, em Pernambuco