Título: Emprego cai 22,8%
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 17/08/2011, Economia, p. 11

A desaceleração econômica, aprofundada pelo atual momento de crise no exterior, continua a derrubar as vagas com carteira assinada no Brasil. A criação de postos formais, nos sete primeiros meses do ano, registrou queda de 14,14%, passando de 1.856.1453 para 1.593.527, conforme os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Na comparação entre julho deste ano e o mesmo mês em 2010, o emprego despencou 22,8%, caindo de 181.796 posições abertas para 140.563.

O alerta foi dado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que indicou queda de 0,2% no emprego industrial em junho na comparação com maio. "O que mais afeta a indústria nacional e reduz a geração de emprego é a concorrência internacional. Há produtos importados que em muitos casos chegam mais baratos que os nacionais", disse o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. O diretor do Instituto de Economia da UFRJ, João Saboya, avalia que essas quedas ainda têm causas internas, sem relação com a crise internacional, que poderá mostrar reflexos a partir de agosto.

"O mercado de trabalho está aquecido. A desaceleração vem atrasada em relação à economia, porque as empresas seguram os funcionários enquanto podem", disse Saboya. Lupi manteve ontem a projeção de que o Brasil criará 3 milhões de postos no ano. Essa previsão abrange os trabalhadores com carteira assinada e os servidores públicos das três esferas do governo. "Este ano, teremos comportamento diferente do visto no ano passado", acrescentou. Ele disse que, em 2010, os estados e municípios não puderam contratar por conta das eleições. Segundo o ministro, o volume de vagas criadas de 2003 a julho deste ano, com base na Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e no Caged, foi de 16.977.969.

Fatores Na visão do economista Helder Linton Alves de Araújo, professor da UDF, as vagas que deixaram de ser oferecidas em julho refletiram as medidas do Banco Central, que reduziram o crédito e, com isso, afetaram a oferta de emprego industrial. No setor manufatureiro, houve queda de 435.678 de janeiro a julho de 2010 para 289.174 no mesmo período deste ano. A dificuldade em exportar por causa do dólar baixo e a competição dos importados são outros fatores que derrubaram o emprego. O setor de serviços, que inclui as instituições financeiras, registrou queda nominal de 668.052 para 622.611.