Moro diz que empreiteiro tentou calar subordinados de Youssef

 

Por Germano Oliveira, Renato Onofre e André de Souza

O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Criminal do Paraná, acusou o empreiteiro Ricardo Pesssoa (foto acima), da UTC, de cooptar pessoas ligadas ao doleiro Alberto Youssef para que "não falassem tudo o que sabem". A informação consta de ofício enviado por Moro ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal(STF), no qual o juiz justifica a manutenção da prisão preventiva de Pessoa. A defesa do empresário quer que a Justiça lhe conceda habeas corpus.

Entre as pessoas pagas por Pessoa, segundo Moro, estão Meire Poza, João Procópio e Rafael Angulo Lopez, todos subordinados do doleiro. No documento enviado ao STF, Moro disse também que houve pagamento de propina em 2014, "já durante as investigações da Lava-jato".

"É provável que o mesmo modus operandi, de pagamento de propinas para obtenção de contratos, esteja sendo adotado em outros contratos da UTC Engenharia com outras entidades públicas", afirmou Moro.

Informações de Dirceu são questionadas

Em outro despacho, sobre as investigações envolvendo o ex-ministro José Dirceu, Moro disse que as informações prestadas pelos advogados do petista - em relação aos contratos da JD Consultoria com empresas envolvidas em esquemas de corrupção da Petrobras - são "inconsistentes". A posição de Moro foi uma resposta ao mandado de segurança protocolado pela defesa de Dirceu no Tribunal Regional Federal (TRF).

Em solenidade ontem na Associação dos Juízes Federais (Ajufe), em Brasília, Moro afirmou que apoia a proposta da entidade que permite a prisão de condenados por crimes graves, já após o primeiro julgamento. Nesse caso, o condenado recorreria da condenação preso, diferentemente do que ocorre hoje. A lista de crimes graves inclui os hediondos, tráfico de drogas, tortura, terrorismo, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. Esse projeto integra um conjunto de propostas da Ajufe para tornar a Justiça Criminal mais efetiva.

- A morosidade muitas vezes gera impunidade. E há direitos das vítimas e da sociedade que têm que ser considerados. Estamos falando numa mudança no sistema recursal. A prisão se dá não antes do julgamento, mas depois - afirmou Moro.

Hoje já tramita no Congresso proposta de emenda constitucional (PEC) apresentada pelo ex-presidente do STF Cezar Peluso, que permite a prisão do acusado quando condenado na segunda instância. Moro diz que o anteprojeto a ser enviado ao Congresso vai além. Ele afirmou que a Ajufe ficará satisfeita se a apresentação da proposta da associação levar novamente à discussão da PEC, que está parada.

- Ficaríamos grandemente satisfeitos se levar à reabertura da discussão da proposta do ministro Cezar Peluso - afirmou Moro.