Brasil cai em ranking global

Correio braziliense, n. 18994, 28/05/2015. Economia, p. 9

Rosana Hessel

A piora no quadro macroeconômico e nas contas públicas em 2014 ajudou a derrubar o Brasil na última edição do ranking de competitividade global do IMD, tradicional escola de negócios da Suíça. O país caiu pelo quinto ano consecutivo e passou da 54ª posição para a 56ª colocação em uma lista de 61 países do “World Competitiveness Yearbook 2015”, anuário publicado desde 1989. Desde 2010, o Brasil só perde posições na classificação de países selecionados para a pesquisa do instituto suíço.

“O desempenho da economia doméstica piorou, e esse foi um item que puxou o país para baixo no ranking. De uma maneira geral, não há grande surpresas: o Brasil continua tendo uma posição muito ruim”, resumiu o professor de economia internacional do IMD Carlos Braga. Para ele, a tendência é de que o país não recupere posições no próximo ano. “A gente sabe que 2015 não vai melhorar e que a economia deve ter um desempenho pior do que o de 2014”, alertou. Na avaliação do professor, a única notícia boa é que, a menos que entrem novos países, provavelmente, o Brasil não deverá cair do ranking porque as nações que estão atrás na lista atravessam problemas muito mais sérios, como a Venezuela, que ficou em último lugar no estudo.

“Teremos um ano difícil pela frente, que não deve ajudar na melhora dos indicadores dos aspectos macroeconômicos do estudo”, disse Braga, lembrando que, no Brasil, existem problemas estruturais que precisam ser mais bem trabalhados, como aumentar o investimento em infraestrutura e melhorar a qualidade da educação. “O calcanhar de aquiles do país é a produtividade. E esse é um problema a que o governo precisa prestar mais atenção”, explicou. Ao seu ver, o Brasil só conseguirá melhorar a competitividade quando fizer uma reforma tributária e liberalizar a economia, ou seja, reduzir o protecionismo, uma vez que isso tem um forte impacto na produtividade. “Mas essa é uma agenda que vai demorar muito tempo para ser implementada”, lamentou.

O professor do IMD destacou ainda que, entre as categorias pesquisadas, a eficiência do
governo foi aquela em que o país teve o pior desempenho, passando da 58ª colocação para a 60ª, à frente apenas da Venezuela. “Nesse quesito pesaram muito a deterioração das contas públicas e a estrutura institucional, porque tem o item de suborno e corrupção. O país já estava em uma posição ruim, e, agora, ficamos na rabeira do ranking”, disse Braga

O ranking de competitividade do IMD continua sendo liderado pelos Estados Unidos. Em seguida, vem Hong Kong, que ocupou o lugar da Suíça, agora na quarta posição. Em terceiro, ficou Cingapura. O país latino-americano mais bem colocado foi o Chile, em 35º lugar. Os menos competitivos são Mongólia, Croácia, Argentina, Ucrânia e Venezuela.


Na descendente

País fica menos competitivo no ranking suíço de 61 economias globais

2009 40
2010 38
2011 44
2012 46
2013 51
2014 54
2015* 56

Desempenho da economia fez Brasil perder oito posições em um ano

2009 31
2010 37
2011 30
2012 47
2013 42
2014 43
2015* 51


* previsão
Fonte: Ranking de Competitividade Global 2015 – IMD