Governo reduz PIB de 2016

Correio braziliense, n. 18994, 28/05/2015. Economia, p. 12

Celia Perrone

Depois de revisar o crescimento da economia para este ano de queda de 1% para 1,2%, durante o anúncio do contingenciamento de R$ 69,9 bilhões do Orçamento de 2015, o governo admitiu que as coisas não devem melhorar muito no ano que vem. Ontem, na Comissão Mista de Orçamento do Congresso, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, reduziu a projeção do Produto Interno Bruto de 2016, que constava na proposta da Lei de Diretrizes Orçamentárias, de 1,3% para 1%. Para 2017 e 2018, a estimativa oficial do governo para o crescimento da economia não se alterou, permanecendo em altas de 1,9% e 2,4%, respectivamente. 

Além das mudanças na previsão do PIB, o governo reviu a projeção de inflação para este ano, que passou de 8,2% para 8,26%. Para 2016, 2017 e 2018, manteve o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 5,6%, 4,5% e 4,5%, respectivamente. O que significa que a carestia só voltará ao centro da meta daqui a dois anos. O ministro projetou também uma alta de R$ 1 no salário mínimo do próximo ano: de R$ 854, previsto na LDO entregue em abril, para R$ 855.

 

Portaria 

Aos parlamentares, Barbosa antecipou que o governo publica hoje no Diário Oficial da União (DOU) uma portaria que estabelece metas de redução de 15% dos gastos com custeio em todos os ministérios. “Ficam de fora educação e saúde, que, nesses casos, o custeio é o próprio funcionamento deles”, explicou. A norma define novos limites para despesas com consultorias, diárias, passagens, serviços de cópias, locação de imóveis, de veículos, máquinas e terceirização de serviços, como limpeza. De acordo com o ministro, todos os ministérios terão cota no esforço de reduzir despesas e autonomia também para definir as áreas onde se darão. 

Sobre os boatos de que ele e o titular da Fazenda, Joaquim Levy, não se entendem, que divergiram sobre os cortes, ele brincou: “Minha principal divergência com o ministro Levy é que eu sou Vasco e ele, Botafogo”. Barbosa enfatizou que os dois estão trabalhando conjuntamente para recuperar o crescimento mais rápido possível e, ressaltou, que a tarefa é enorme, pois atinge a área fiscal, monetária e financeira. “Nós somos uma equipe econômica, quando um não pode comparecer, o outro vai e cumpre o papel que tem ser cumprido. Houve consenso no corte. O contingenciamento foi construído não só pela Fazenda, mas também pelo Planejamento e pela Casa Civil”, arrematou. 

O titular do Planejamento explicou que os cortes foram um “esforço seletivo e necessário para preservar as prioridades do governo, como os investimentos e os programas sociais”. São prioritários, de acordo com ele, o Programa Minha Casa, Minha Vida e as obras em andamento, que vão das rodovias e ferrovias, portos, aeroportos  até o  Plano Nacional de Banda Larga. 

Barbosa garantiu também que não faz parte da estratégia do governo criar impostos, que a equipe econômica trabalha sobre os já existentes e reavalia algumas desonerações adotadas no passado. Ele esclareceu que, no esforço do ajuste, estão sendo tomadas medidas como a redução dos gastos financeiros, via menor subsídio do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) e a elevação dos impostos a patamares anteriores ao da crise de 2008/2009.