Haddad: denúncia contra Chalita precisa ser apurada

Alexandre Hisayasu

Juliana Diógenes

 

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), defendeu ontem que as denúncias contra o secretário municipal de Educação, Gabriel Chalita, sejam investigadas. “Mesmo quando uma denúncia é feita por um irresponsável, precisa ser apurada.” Haddad afirmou que os fatos não dizem respeito à sua gestão. “As questões serão esclarecidas, até mesmo pela Secretaria Estadual da Educação, que certamente vai prestar os esclarecimentos a respeito.” O Estado revelou, na edição de ontem, que o Ministério Público Estadual (MPE) abriu investigação criminal contra Chalita por suspeita de diversos crimes enquanto foi responsável pela Secretaria Estadual de Educação de Geraldo Alckmin (PSDB), entre 2002 e 2006.

Questionado se as investigações poderão afetar uma possível “dobradinha” com Chalita para as eleições de 2016, Haddad não respondeu. O secretário é cotado para ser vice na chapa do prefeito à reeleição. Ontem, Chalita acompanhou Haddad, junto com outros secretários, em um evento no centro da cidade. Antes de o prefeito começar a falar com os jornalistas, Chalita saiu do local sem se pronunciar. Pela manhã, o governador Geraldo Alckmin também comentou as investigações da Promotoria.“ Nós temos absoluta confiança no Gabriel Chalita.

Isso já foi investigado, mas que se investigue novamente. Não tem problema”, afirmou, durante evento público em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Histórico. As investigações contra Chalita começaram em 2013. Durante as apurações, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) trancou o inquérito civil, alegando que o Ministério Público Estadual havia cometido irregularidades, e o Supremo Tribunal Federal (STF) arquivou a investigação a pedido do Ministério Público Federal, argumentando que faltavam provas.

A decisão então foi para o STF porque, na época, Chalita era deputado federal e tinha foro privilegiado. O peemedebista sempre negou as acusações. Em março, um novo procedimento criminal contra Chalita foi instaurado. Desta vez, os promotores acreditam ter indícios para investigá-lo. Eles receberam recentemente cópias de contratos sob suspeita entre a Secretaria Estadual de Educação e empresas, firmados no período em que ele era o responsável pela pasta.

As mais de 800 páginas estão sob análise. Há também denúncias de empréstimos de helicópteros e jatos para viagens particulares, doações ilegais de equipamentos eletrônicos, fraude em licitação em troca de repasse de 25% do valor do contrato firmado e compra de livros para escolas estaduais sem licitação.

A estimativa da investigação é de que Chalita teria recebido cerca de R$ 50 milhões no período em que esteve à frente da secretaria. O secretário é investigado por crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, peculato e lavagem de dinheiro. Os advogados de Chalita entraram com pedidos no STF e no TJ-SP para arquivar a investigação, alegando que não havia fatos novos. As duas instâncias do Judiciário negaram.