Título: Uma fraude fabulosa
Autor: Pariz, Tiago; Rizzo, Alana
Fonte: Correio Braziliense, 11/08/2011, Política, p. 2

Servidores do Ministério do Turismo falsificaram notas técnicas para justificar o convênio entre a pasta e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável (Ibrasi), de acordo com relatório judicial assinado pelo juiz Anselmo Gonçalves Dias sobre a Operação Voucher, da Polícia Federal. Segundo o documento, os pareceres indicavam que a demanda no segmento era crescente no estado e, por isso, a capacitação profissional era necessária na região. O despacho sobre a ação, deflagrada na segunda-feira, em Macapá, São Paulo e no Distrito Federal, classificou como "fabulosa" a quantidade de pessoas ¿ 1,9 mil ¿ que a empresa, supostamente, qualificaria.

"Desnecessário atuar na área de turismo no Amapá (quase inexistente, nada obstante o seu potencial turístico) para poder asseverar que, à época da celebração do convênio de nº 718.467/2009, não existia a alegada demanda crescente dos segmentos turísticos, em especial para a capacitação, objeto do convênio, haja vista a ausência de infraestrutura turística adequada para absorver tantos profissionais nessa área", escreveu o magistrado.

Além disso, outra parte da investigação da PF mostra como eram orientadas as empresas fantasmas para receberem a verba do convênio. Gravação telefônica da Operação Voucher mostra o secretário executivo do Turismo, Frederico Silva da Costa, ensinando um empresário a montar uma organização não governamental de fachada. De acordo com reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, Frederico conversa com um dos empresários presos na operação sobre como criar um instituto para ele parecer verdadeiro.

"Coisa moderna" "O importante é a fachada e tem que ser uma coisa moderna, que inspire confiança em relação ao tamanho das coisas que vocês estão fazendo", disse o secretário executivo ao empresário, de acordo com as escutas telefônicas da PF. "Pega um negócio aí para chamar a atenção, assim, de porte, por três meses (...) Mas é para ontem! Que se alguém aparecer para tirar uma foto lá nos próximos dois dias, as chances são altas", emendou Frederico. "Pega um prédio moderno aí, meio andar, diz que tem uma sede que está em construção, mas por enquanto", orientou Frederico. (IS, TP e AR)