Governistas vão a Caracas sob críticas

Isadora Peron

 

Senadores da base governista e da oposição voltaram ontem, 23, a se atacar por causa da situação política da Venezuela. Depois da turbulenta passagem de integrantes da oposição pelo país vizinho na semana passada, será a vez de parlamentares da base do governo desembarcarem hoje em Caracas.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) voltou a chamar a nova comitiva de “chapa branca” por ter uma posição mais favorável ao governo do presidente Nicolás Maduro. Já o petista Lindbergh Farias (RJ) disse que está organizando uma comissão isenta, diferentemente, segundo ele, daquela liderada pelo tucano na semana passada, que buscou contato apenas com lideranças da oposição ao regime chavista.

Segundo Lindbergh, além de representantes do governo Maduro e do presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello, o grupo também pretende se reunir com o oposicionista Henrique Capriles, de perfil mais moderado, e com as mulheres dos políticos que estão presos.

Quatro senadores devem participar da viagem: Roberto Requião (PMDB-PR), Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), Telmário Mota (PDT-RR) e o próprio Lindbergh. “Estamos tentando trazer para a viagem um desgarrado da oposição, mas não está fácil”, ironizou o parlamentar petista.

‘Tratamento civilizado’

Ontem, 23, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), confirmou que pediu novamente para que a Força Área Brasileira (FAB) cedesse uma aeronave para levar a nova comitiva. O peemedebista disse ainda que espera que, desta vez, os parlamentares brasileiros possam ser mais bem tratados na Venezuela. “Nós exigimos que haja um tratamento civilizado porque esta delegação, tal qual a outra delegação, vai em nome do Senado Federal”, afirmou.

Na quinta-feira, 18, da semana passada, o grupo de oito parlamentares, liderado por Aécio e pelo senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, retornou ao Brasil após cinco horas de espera e duas tentativas frustradas de sair do aeroporto metropolitano em direção ao centro da capital venezuelana, a 21 quilômetros dali.

Senadores que integravam a comissão dizem que sequer conseguiram deixar o aeroporto porque o veículo em que se encontravam foi cercado por manifestantes pró-Maduro. Eles também acusam a diplomacia brasileira de não ter dado o suporte necessário para que fosse garantida a segurança da comitiva.

Ontem, 23, porém, os parlamentares comemoraram o fato de o governo venezuelano ter marcado a data das eleições parlamentares - que devem ser realizadas no dia 6 de dezembro. Segundo Aécio, o “conjunto de pressões vindas do exterior”, incluindo o desembarque em Caracas do grupo brasileiro, possibilitaram a definição mais rapidamente dessa questão.
Lindbergh, por sua vez, ironizou a avaliação do tucano e disse que a oposição estava sobrevalorizando a influência que possui. O senador petista lembrou ainda que o governo brasileiro foi um dos que mais pressionaram para que essa data fosse marcada e que o objetivo agora é trabalhar para que as eleições convocadas para dezembro ocorram dentro da normalidade democrática.