STJ recebe inquérito para investigar Pimentel

Talita Fernandes

 

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) recebeu um inquérito que apura o suposto envolvimento do governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT-MG), em esquema de lavagem de dinheiro por meio de contratos com o poder púbico. O caso veio à tona com a deflagração da Operação Acrônimo, em maio.

O inquérito, que está sob a relatoria do ministro Herman Benjamin, do STJ, ocorre no âmbito da operação, que prendeu no mês passado o empresário Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, ligado ao PT.

O processo está em segredo de Justiça. Inicialmente, apenas a mulher de Pimentel, Carolina Oliveira, aparecia como alvo das investigações da Operação Acrônimo. Um apartamento e a antiga sede da empresa de Carolina foram alvo de busca e apreensão conduzidas pela PF. A primeira-dama de Minas nega qualquer envolvimento com o caso. Além de Carolina, Pimentel também vem negando as acusações contra sua mulher.

Apesar de Pimentel não constar inicialmente como alvo das investigações da Operação Acrônimo, como publicou o jornal O Estado de S.Paulo, a Polícia Federal já apurava a suposta prática de crime eleitoral envolvendo a campanha de Pimentel ao governo de Minas em 2014.

Por meio de nota, o governado de Minas Gerais diz que Pimentel "ainda não recebeu qualquer notificação oficial" sobre o inquérito encaminhado ao STJ. "O governador nega com veemência qualquer irregularidade na origem dos recursos utilizados na campanha ao governo de Minas Gerais em 2014, assim como o seu envolvimento em qualquer atividade ilícita ou não declarada", diz a nota.

A Gráfica Brasil, pertencente ao pai e aos irmãos do empresári Bené, recebeu R$ 3.268.197,30 do comitê financeiro do PT de Minas Gerais em 2014, durante a campanha de Pimentel ao governo do Estado. Foram 24 pagamentos que variaram de R$ 1.450 a R$ 334.750.

As investigações que resultaram na operação foram iniciadas em outubro do ano passado, quando a Polícia Federal apreendeu, no Aeroporto de Brasília, R$ 113 mil em dinheiro numa aeronave que transportava Bené e outros colaboradores da campanha de Pimentel, de Belo Horizonte até Brasília.

O empresário levava na ocasião material eleitoral do atual governador petista e uma planilha na qual estava escrito "campanha Pimentel", mas, em depoimento, negou ter participado da campanha pelo governo de Minas. Bené é acusado de ser o "chefe" do esquema.

Depois de desbaratada a operação pela Polícia Federal, que vasculhou o apartamento que a primeira-dama utilizou em Brasília, advogados da primeira-dama de Minas Gerais apresentaram documentos com o objetivo de provar que a empresa de Carolina já não funcionava no local quando o empresário passou a utilizá-lo. A suspeita dos investigadores é a de que o empreendimento da primeira-dama era de fachada.

À época, Fernando Pimentel classificou as investigações da PF como um equívoco.