Uber: um sinal dos novos tempos

 

O Uber está agora presente em mais de 300 cidades no mundo inteiro, onde seu aplicativo móvel coloca clientes que procuram uma rápida carona em contato com os condutores. Já amplamente utilizado nos EUA, a companhia fundada na Califórnia está agora se espalhando pelo mundo. Em toda parte sua chegada e seu sucesso têm suscitado polêmica, a ponto de o Uber tornar-se tão conhecido que ele mal tem que fazer propaganda. Empresas locais de táxi estão fazendo isso por eles ao reagir fortemente a esta concorrência, que eles veem como ilegal e desonesta.

Qualquer que seja o resultado das complicadas batalhas jurídicas da empresa, uma coisa é certa: a própria existência e o sucesso de uma inovação como o Uber são um sinal de que um novo tempo está surgindo.

As tecnologias de comunicação têm tornado mais fácil a conexão e troca de informações entre as pessoas. As funções básicas de mídias sociais não são mais novidade e se tornaram uma ferramenta consumida em massa, disponibilizando um oceano de potenciais utilizadores para as empresas que lançam novos aplicativos inovadores. Muitas iniciativas irão falhar, mas alguns terão sucesso. O Uber é um exemplo perfeito.

Atualmente muitas pessoas fazem o que for preciso para ter seu poder de compra ampliado. É por isso que o Uber pode facilmente encontrar motoristas prontos para oferecer os seus serviços, bem como clientes que querem tirar vantagens econômicas dessa experiência. Do lado da oferta, há aqueles que estão tentando fazer algum dinheiro ou ampliar a renda. Com a classe média procurando uma segunda fonte de renda e estudantes querendo empregos de meio período, o Uber não enfrenta dificuldades para encontrar condutores. Do lado da demanda, há um grande número de pessoas que querem pagar o menor preço, seja porque eles não têm os meios ou porque querem gastar em outra coisa. Nos últimos anos, mais pessoas estão se mostrando preocupados com poupar e, incentivadas por empresas de baixo custo, isto se aplica a todos os tipos de produtos e serviços. Todo mundo quer pagar menos e conseguir mais.

A sociedade também está se tornando cada vez mais ambientalmente consciente. Uma economia compartilhada está tomando forma, combatendo o desperdício e fazendo uso mais eficiente de bens disponíveis. Quando as pessoas terminam de ler um livro, assistir a um DVD ou estão cansadas de suas roupas da marca, vendem ou os doam. Sites e clubes de compartilhamento e trocas estão se multiplicando. Nós agora trocamos bens e casas de férias ou mesmo nosso tempo livre por vouchers. O símbolo mais visível da economia compartilhada é o carro; empresas ou sites em que as pessoas disponibilizam seu automóvel estão proliferando. Estamos ainda começando a ver compartilhamento e reciclagem de itens cada vez menores. Agora você pode alugar um smartphone de segunda mão por uma semana.

Tudo isso decorre do fato de que a sociedade não é mais feliz com o consumismo passivo. As pessoas querem fazer a diferença. Elas também não se contentam mais em receber passivamente as informações midiáticas. Os indivíduos agora produzem conteúdos em blogs e expressam seu ponto de vista nas redes sociais, que se tornaram uma ameaça para a mídia tradicional. Os consumidores podem agora compartilhar comentários sobre produtos ou serviços e o seu nível de satisfação é instantaneamente publicado. Estamos atingindo novos patamares de transparência comercial. É por isso que Uber é mais do que apenas um novo concorrente para táxis, é um sinal de novos tempos emergindo.