Temer: PMDB analisará romper com governo

 

O vicepresidente Michel Temer disse ontem em Nova York que o PMDB poderá deixar o governo e lançar candidato à Presidência em 2018. O tema foi levantado por ele, em palestra para advogados americanos, de manhã. À tarde, após almoço com investidores, voltou ao tema com jornalistas:

GIVALDO BARBOSAFuturo. Cunha diz que PMDB terá candidato, a menos que ninguém queira

— Perguntaram se o PMDB teria candidato ( em 2018), disse que sim — afirmou, evitando se incluir como um dos postulantes. — Faltam no mínimo três anos.

Mais cedo, Temer citara, em discurso na NYC Bar Association, equivalente à OAB local, a decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha ( PMDBRJ) de passar para a oposição:

— Ele falou que vai trabalhar muito para que o partido ( PMDB) possa se desvincular do governo. É claro que nós, do partido, reiteramos que a decisão é pessoal, mas o partido tem instâncias, e essas decisões são tomadas pelas instâncias partidárias. É uma questão que será examinada daqui pra frente — afirmou. — Evidentemente que pode ocorrer um dia qualquer em que o PMDB resolva deixar o governo, especialmente em 2018, quando entender ter uma candidatura presidencial.

No almoço, com dezenas de pesos pesados do mercado financeiro — como JP Morgan, BlackRock, Goldman Sachs, Pimco e Morgan Stanley — ele foi aplaudido ao defender a escolha de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda:

— Perguntaram o que eu faria se fosse presidente, e disse que manteria o Levy, claro. Ele está fazendo um belo trabalho.

Líderes do PMDB disseram que o partido garantirá a governabilidade pelo menos até 2017. Mas, se amadurecer o plano de candidatura própria, a aliança com o PT deverá ser rompida naquele ano A data, diz o líder do PMDB no Senado, Eunício de Oliveira ( CE), dependerá do que for estabelecido na reforma política:

— Em algum momento de 2017, o ano pré- eleitoral, quando as instâncias partidárias decidirem pela candidatura própria, esse rompimento da aliança tem de acontecer. Isso é natural, não é novidade para ninguém. O que Michel falou hoje todos nós sabemos — explicou Eunício, frisando que o partido não romperá com o governo agora.

CUNHA VOLTA A BAIXAR O TOM

Cunha baixou o tom novamente ontem. Tentando demonstrar afinidade com Temer, disse que a decisão sobre deixar a base será analisada “na instância apropriada”:

— Ele próprio ( Michel Temer) disse na semana passada que o PMDB vai ter candidatura própria em 2018, não é “se”. A discussão de continuar ou não na base do governo vai ser, como ele mesmo disse, na instância apropriada, não é na boca de qualquer um. A candidatura é uma coisa que, dificilmente, o PMDB não a terá, a menos que não tenha ninguém que queira ser candidato — afirmou.

Pela manhã, Cunha concordou com Temer que, na véspera, afirmou que há só uma “crisezinha” política no país:

— A palavra crise institucional é muito forte, muito dura. Ele ( Temer) tem razão. Ele não está diminuindo o papel de nenhuma situação — disse.

 

Após 5 meses de insistência, PT vai comandar a Sudene

Cinco meses após o PT ter indicado seu nome, o exdeputado João Paulo Lima e Silva foi nomeado ontem para o comando da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste ( Sudene), um dos cargos mais cobiçados pelos políticos da região. A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União.

Ex- prefeito do Recife, João Paulo disputou o Senado nas eleições de 2014, mas foi derrotado pelo atual senador Fernando Bezerra Coelho ( PSBPE). Pernambuco é uma das prioridades da direção nacional do PT no preenchimento de cargos do segundo e terceiro escalão do governo federal.

Além de não ter conseguido eleger nenhum deputado federal no estado, o governador e o prefeito do Recife são adversários dos petistas. A ocupação de cargos federais em Pernambuco é uma estratégia para fortalecer o partido lá.

Na superintendência da Sudene, o petista substitui José Marcio de Medeiros Maia, que havia sido indicado pelo deputado Givaldo Carimbão ( PROSAL), então líder de seu partido na Câmara. Procurado, Carimbão não retornou as ligações. Já o atual líder do PROS, Domingos Neto ( CE), disse que foi surpreendido. A bancada do PROS tem 12 deputados.

A demora do governo federal no atendimento dos pedidos de preenchimento de cargos causa insatisfação no PT. Além de João Paulo, o partido já conseguiu emplacar o ex- deputado Jorge Bittar na presidência da Telebras. A empresa tem participação no programa Banda Larga Para Todos, prometido pela presidente Dilma Rousseff na campanha à reeleição.

Anteontem, na reunião de coordenação política, Dilma cobrou que as nomeações de indicados dos partidos para cargos no governo sejam feitas o quanto antes. O governo tenta acelerar a liberação de emendas parlamentares ao Orçamento e as nomeações para cargos federais para reconstruir sua base no Congresso.